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Uribe recua e aceita área desmilitarizada
Colombiano afirma que vai permitir criação de "zona de encontro" por 30 dias para negociação direta com as Farc sobre reféns
Anúncio ocorre um dia depois de presidente negar a desmilitarização, medida que era pré-condição da guerrilha para negociar
DA REDAÇÃO
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, aceitou ontem a
criação de uma "zona de encontro" para definir um acordo
com as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
que leve à libertação de seqüestrados. Ele também anunciou
um fundo de US$ 100 milhões
(cerca de R$ 180 milhões) para
recompensar rebeldes que soltem reféns.
O anúncio representa um recuo na posição histórica de Uribe ante as Farc, que condicionam as negociações para a soltura de reféns à criação de uma
área sem a presença militar. O
recuo se dá em meio à intensificação das pressões internacionais e domésticas pela negociação, no momento em que a imagem internacional de Uribe foi
afetada pela escândalo que,
neste ano, envolveu integrantes do seu governo com grupos
paramilitares de direita.
Embora o colombiano tenha
afirmado que não se trata exatamente de uma "zona de despeje" (desmilitarizada), como
reivindicam as Farc, a área a ser
criada deverá estar alocada em
espaço rural onde não haja postos militares nem policiais.
Também deverá, preferivelmente, estar desabitada. De
acordo com Uribe, observadores internacionais serão convidados a acompanhar as negociações. O anúncio do presidente foi feito em discurso
diante de ministros e militares.
A aceitação por Uribe da proposta -feita pela Conferência
Episcopal da Colômbia e pela
Comissão Nacional de Conciliação- se dá um dia depois de
o presidente rejeitar a criação
de uma zona desmilitarizada
que implicasse a retirada de
tropas de parte do território
nacional.
Área despovoada
O presidente disse que o modelo proposto pelas Farc, que
querem a desmilitarização em
área de 800 km2, que engloba os
municípios de Pradera e Florida (sudoeste) e tem mais de
150 mil habitantes, poderia
"maltratar" muitos cidadãos.
Segundo Uribe, a área deverá
ter 150 km2. O ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel
Santos, disse que ela existirá
por tempo limitado de 30 dias.
Nessa região, os negociadores
da troca humanitária não poderão estar armados, acrescentou Santos.
Uribe disse que autorizou o
alto comissário para a Paz, Luis
Carlos Restrepo, a procurar as
Farc e, dentro das especificações, encontrar a área. O grupo
não havia reagido à proposta
até o fechamento desta edição.
Sobre as recompensas, afirmou que o Ministério da Defesa destinará US$ 100 milhões
para estimular o desarmamento de grupos das Farc que libertem seqüestrados.
As Farc têm em seu poder a
ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, que também
tem nacionalidade francesa,
três norte-americanos e dezenas de políticos, soldados e policiais que pretendem trocar
por cerca de 500 de seus guerrilheiros presos.
O anúncio de Uribe foi recebido com reservas pelas organizações de solidariedade a Ingrid Betancourt. "A experiência dos últimos anos mostra
que proposições unilaterais
feitas através da imprensa, sem
discussão prévia, com freqüência foram utilizadas pelo poder
colombiano como um meio
bastante eficaz para fechar as
portas em vez de abri-las", afirmou, em comunicado, a federação internacional de apoio à
franco-colombiana.
A atitude do presidente indica um novo rumo nas negociações, truncadas após o fim, no
dia 21 de novembro, da mediação do presidente venezuelano,
Hugo Chávez, que vinha insistindo num encontro entre Uribe e o chefe das Farc, Manuel
Marulanda. Uribe afastou o colega por considerar que ele
quebrara o protocolo ao telefonar para um militar colombiano. O afastamento deu início a
uma crise diplomática entre os
dois países.
Com agências internacionais
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