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CIA admite que destruiu vídeos de interrogatórios
Segundo agência, o motivo era proteger agentes que operam clandestinamente
Material mostrava práticas de interrogatório da CIA em suspeitos de terrorismo; diretor da agência diz que fitas não eram relevantes
MARK MAZZETTI
DO "NEW YORK TIMES"
A Agência Central de Inteligência (CIA) destruiu em 2005
pelo menos dois vídeos que documentavam interrogatórios
de agentes da Al Qaeda que estavam sob sua custódia, medida
que a organização tomou em
meio ao escrutínio legislativo e
judicial sobre seu programa secreto de detenções, de acordo
com atuais e antigos funcionários do governo.
Os vídeos mostravam agentes da CIA, em 2002, sujeitando suspeitos de terrorismo
-entre os quais Abu Zhubaydah, o primeiro detido colocado sob a custódia da agência- a
técnicas severas de interrogatório. Os vídeos foram destruídos em parte porque funcionários do governo estavam preocupados com a possibilidade de
que imagens pudessem expor
os agentes a riscos judiciais.
Em comunicado aos funcionários da CIA, divulgado na
quinta-feira, o general Michael
Hayden, diretor da agência,
disse que a decisão de destruir
os vídeos foi tomada "dentro da
CIA", e que o motivo era proteger agentes que operam clandestinamente e o fato de que as
gravações já não teriam valor
como fonte de informações.
As gravações não foram entregues a um tribunal federal
que estava considerando o caso
de Zacarias Moussaoui, suspeito de terrorismo, ou à comissão
do 11 de Setembro, apontada
pelo presidente e pelo Congresso, que solicitou formalmente à
CIA transcrições e outras provas documentais sobre interrogatórios de prisioneiros.
As revelações quanto às gravações devem reanimar o debate sobre as leis que permitem
que a CIA empregue técnicas
de interrogatório em geral mais
severas do que as de outras
agências. Uma comissão conjunta do Congresso votou na
quarta-feira pela proibição dessas táticas, mas a medida ainda
não foi aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado e
deverá ser vetada por Bush.
O "New York Times" informou à CIA na noite de quarta
que estava preparando a publicação de um artigo sobre a destruição dos vídeos. Em seu comunicado, Hayden disse que a
CIA "havia agido de acordo
com a lei" e alegou que estava se
comunicando com os funcionários sobre o assunto "porque a
imprensa foi informada" a respeito. O comunicado alega que,
caso viessem a público, os vídeos teriam exposto funcionários da CIA "e suas famílias à
retaliação da Al Qaeda".
Hayden ainda disse que os
presidentes das comissões do
Congresso que supervisionam
atividades de inteligência haviam sido notificados com antecedência sobre a decisão de
destruir os vídeos. Mas os dois
principais membros da Comissão de Inteligência da Câmara
em 2005 negaram. Tanto em
2003 quanto em 2005, advogados da CIA informaram a promotores que estavam envolvidos no caso Moussaoui que a
agência não tinha registros dos
interrogatórios.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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