São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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CIA admite que destruiu vídeos de interrogatórios

Segundo agência, o motivo era proteger agentes que operam clandestinamente

Material mostrava práticas de interrogatório da CIA em suspeitos de terrorismo; diretor da agência diz que fitas não eram relevantes

MARK MAZZETTI
DO "NEW YORK TIMES"

A Agência Central de Inteligência (CIA) destruiu em 2005 pelo menos dois vídeos que documentavam interrogatórios de agentes da Al Qaeda que estavam sob sua custódia, medida que a organização tomou em meio ao escrutínio legislativo e judicial sobre seu programa secreto de detenções, de acordo com atuais e antigos funcionários do governo. Os vídeos mostravam agentes da CIA, em 2002, sujeitando suspeitos de terrorismo -entre os quais Abu Zhubaydah, o primeiro detido colocado sob a custódia da agência- a técnicas severas de interrogatório. Os vídeos foram destruídos em parte porque funcionários do governo estavam preocupados com a possibilidade de que imagens pudessem expor os agentes a riscos judiciais.
Em comunicado aos funcionários da CIA, divulgado na quinta-feira, o general Michael Hayden, diretor da agência, disse que a decisão de destruir os vídeos foi tomada "dentro da CIA", e que o motivo era proteger agentes que operam clandestinamente e o fato de que as gravações já não teriam valor como fonte de informações.
As gravações não foram entregues a um tribunal federal que estava considerando o caso de Zacarias Moussaoui, suspeito de terrorismo, ou à comissão do 11 de Setembro, apontada pelo presidente e pelo Congresso, que solicitou formalmente à CIA transcrições e outras provas documentais sobre interrogatórios de prisioneiros. As revelações quanto às gravações devem reanimar o debate sobre as leis que permitem que a CIA empregue técnicas de interrogatório em geral mais severas do que as de outras agências. Uma comissão conjunta do Congresso votou na quarta-feira pela proibição dessas táticas, mas a medida ainda não foi aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado e deverá ser vetada por Bush.
O "New York Times" informou à CIA na noite de quarta que estava preparando a publicação de um artigo sobre a destruição dos vídeos. Em seu comunicado, Hayden disse que a CIA "havia agido de acordo com a lei" e alegou que estava se comunicando com os funcionários sobre o assunto "porque a imprensa foi informada" a respeito. O comunicado alega que, caso viessem a público, os vídeos teriam exposto funcionários da CIA "e suas famílias à retaliação da Al Qaeda".
Hayden ainda disse que os presidentes das comissões do Congresso que supervisionam atividades de inteligência haviam sido notificados com antecedência sobre a decisão de destruir os vídeos. Mas os dois principais membros da Comissão de Inteligência da Câmara em 2005 negaram. Tanto em 2003 quanto em 2005, advogados da CIA informaram a promotores que estavam envolvidos no caso Moussaoui que a agência não tinha registros dos interrogatórios.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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