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Oposição acusa a CIA de queimar provas
Democratas criticam destruição de dois vídeos de interrogatórios; entidades de direitos humanos também condenam
Porta-voz da Casa Branca diz que Bush foi informado só na quinta que gravações existiram e que haviam sido destruídas pela inteligência
Lawrence Jackson - 05.dez.07
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Manifestantes com o uniforme laranja dos presos de Guantánamo protestam contra o campo de prisioneiros em Washington |
DA REDAÇÃO
A oposição democrata no
Congresso americano, grupos
de direitos humanos e advogados de prisioneiros de Guantánamo reagiram indignados à
informação, publicada ontem
pelo "New York Times", de que
a CIA havia destruído em 2005
duas gravações de sessões de
interrogatórios de suspeitos de
terrorismo islâmico.
Os interrogatórios, em 2002,
tiveram entre suas vítimas Abu
Zubaydah e Bin al-Shibh, que
foram submetidos à simulação
de afogamento, uma das formas de tortura que o governo
americano qualifica de "formas
duras" de obter informações.
A porta-voz da Casa Branca,
Dana Perino, disse que o presidente George W. Bush foi informado apenas na quinta-feira de
que as fitas existiram e haviam
sido destruídas.
Ela citou o diretor da CIA, general Michael Hayden, para
quem "as fitas levantavam um
sério risco" por permitirem a
identificação de agentes, "expondo-os e seus familiares à retaliação da Al Qaeda e de seus
simpatizantes".
Afirmou ainda que apenas
um pequeno número de prisioneiros foram submetidos a interrogatórios mais "duros" e
que essa prática "salvou muitas
vidas" e é "necessária à segurança do país".
Já que indicou ser a prática
tão positiva, Dana Perino foi indagada sobre a razão pela qual
as gravações foram destruídas.
Sua lacônica resposta: "Não tenho comentários a fazer."
O senador democrata Dick
Durbin, em mensagem ao secretário da Justiça, Michael
Mukasey, perguntou se a destruição das fitas não caracterizaria "uma violação da lei".
Clinton e "má idéia"
Hillary Clinton, candidata à
investidura democrata à Casa
Branca, pediu uma investigação rigorosa. "Precisamos ir a
fundo em tudo o que tem acontecido nos últimos anos."
A deputada democrata Jane
Harman, a mais alta representante de seu partido na Comissão de Inteligência da Câmara
entre 2002 e 2006, disse ter
alertado a CIA de que a destruição das gravações de interrogatórios seria "uma má idéia".
O argumento da agência de
que as gravações em vídeo não
eram relevantes para o Congresso, afirmou a deputada,
"reforça a idéia de que a CIA
não deveria estar conduzindo
um programa independente de
interrogatórios".
Outro deputado democrata,
Rush Holt, também membro
da Comissão de Inteligência,
disse ter sido informado pela
CIA de que nem todos os interrogatórios são gravados.
Daniel Marcus, professor de
direito que assessorou o Congresso durante as investigações
sobre o 11 de Setembro, disse
jamais ter sido informado de
que as fitas seriam destruídas.
Human Rights Watch
A entidade de direitos humanos Human Rights Watch, por
meio de seu diretor em Washington, Tom Malinowski, disse ser improcedente o argumento da CIA segundo o qual
as gravações, se não fossem
destruídas, exporiam a represálias os agentes envolvidos
nos interrogatórios.
Outro integrante daquela entidade, Jeniffer Daskal, afirmou que o que ocorreu "foi a
destruição de provas" de algo
que comprometeria os agentes
que praticaram ilegalidades.
Em Londres, a Reprive, entidade que defende suspeitos de
terrorismo mantidos pelo governo americano em Guantánamo, disse que "é um crime
destruir provas".
Stafford Smith, advogado de
sete prisioneiros, afirma que a
tortura torna mais difícil a
abertura de julgamento, já que
os réus relatariam ao Judiciário
as sevícias sofridas.
Jamil Jaffer, diretor da American Civil Liberties, distribuiu
comunicado em que afirma que
"a CIA aparentemente acredita
que seus agentes estão acima
das leis" a serem respeitadas.
A Human Rights First, outro
grupos de direitos humanos,
afirma que a destruição das
provas sobre o uso de métodos
ilegais de interrogatório ocorrem no momento em que o
Congresso americano estuda
leis que reforcem a proibição da
tortura ou do tratamento desumano de prisioneiros.
Com agências internacionais
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