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Projeto esbarra em oposição da Venezuela
DA REDAÇÃO
A expansão dos projetos
dos EUA e do Brasil na
América Central esbarram em dois adversários: a
Venezuela, sentada sob reservas petrolíferas bilionárias e a quem não agrada
a idéia de um mercado de
álcool de grande porte, e os
críticos da "ameaça" à
agricultura alimentar, incluindo o relator especial
da ONU para o direito à
alimentação, Jean Ziegler.
Ao lado de Cuba, a Venezuela vem exercendo influência -até financeira-
para convencer países latinos a não embarcarem nos
investimentos. A queda-de-braço ficou evidente na
Nicarágua, tida como uma
das promessas para abrigar usinas e expandir a
produção de álcool pela
Comissão Interamericana
de Etanol (CIE).
Em agosto, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
tentou vencer as resistências do presidente nicaragüense, Daniel Ortega, aos
biocombustíveis, e conseguiu despertar interesse
na produção a partir da
palma. Ainda assim, o líder
sandinista, aliado de Chávez, criticou pouco depois
a produção americana de
álcool -feita a partir do
milho- que segundo ele é
"inadmissível" por questões alimentares. Ainda
não se sabe se a iniciativa
conseguirá emplacar lá.
Já os que vêem a questão do álcool como uma luta entre os biocombustíveis e os alimentos ganharam nesse ano novo aliado
com o estudo, apresentado
em agosto pelo relator da
ONU Jean Ziegler, que
aponta a febre da energia
renovável como um dos
principais fatores da alta
nos preços dos produtos
agrícolas básicos, com impacto direto no aumento
da fome no mundo.
"Usar terras de agricultura para o álcool é um crime", disse Ziegler em entrevista à Folha em dezembro. "Socialmente, é
um enorme retrocesso para o Brasil." A visão não é
consenso na ONU. Para
José Graziano da Silva, representante da FAO
(agência da ONU para
agricultura e alimentação), a América Latina
tem "área suficiente para
conciliar segurança alimentar e expansão da
agroenergia".
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