São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Projeto esbarra em oposição da Venezuela

DA REDAÇÃO

A expansão dos projetos dos EUA e do Brasil na América Central esbarram em dois adversários: a Venezuela, sentada sob reservas petrolíferas bilionárias e a quem não agrada a idéia de um mercado de álcool de grande porte, e os críticos da "ameaça" à agricultura alimentar, incluindo o relator especial da ONU para o direito à alimentação, Jean Ziegler.
Ao lado de Cuba, a Venezuela vem exercendo influência -até financeira- para convencer países latinos a não embarcarem nos investimentos. A queda-de-braço ficou evidente na Nicarágua, tida como uma das promessas para abrigar usinas e expandir a produção de álcool pela Comissão Interamericana de Etanol (CIE).
Em agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou vencer as resistências do presidente nicaragüense, Daniel Ortega, aos biocombustíveis, e conseguiu despertar interesse na produção a partir da palma. Ainda assim, o líder sandinista, aliado de Chávez, criticou pouco depois a produção americana de álcool -feita a partir do milho- que segundo ele é "inadmissível" por questões alimentares. Ainda não se sabe se a iniciativa conseguirá emplacar lá.
Já os que vêem a questão do álcool como uma luta entre os biocombustíveis e os alimentos ganharam nesse ano novo aliado com o estudo, apresentado em agosto pelo relator da ONU Jean Ziegler, que aponta a febre da energia renovável como um dos principais fatores da alta nos preços dos produtos agrícolas básicos, com impacto direto no aumento da fome no mundo.
"Usar terras de agricultura para o álcool é um crime", disse Ziegler em entrevista à Folha em dezembro. "Socialmente, é um enorme retrocesso para o Brasil." A visão não é consenso na ONU. Para José Graziano da Silva, representante da FAO (agência da ONU para agricultura e alimentação), a América Latina tem "área suficiente para conciliar segurança alimentar e expansão da agroenergia".


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