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Rússia quer paridade nuclear com os EUA
Retomar produção de mísseis intercontinentais é estratégico, diz vice-premiê; "fracos não são ouvidos"
DA REDAÇÃO
O vice-premiê russo Sergei
Ivanov, apontado por analistas
como um possível sucessor do
presidente Vladimir Putin, disse ontem que o país precisa alcançar a paridade nuclear com
os Estados Unidos. "Os fracos
não são amados nem ouvidos
-são insultados; quando tivermos paridade eles falarão conosco de outro modo", afirmou
Ivanov aos veteranos e atuais
membros do Comitê Militar-Industrial russo, órgão oriundo
da Guerra Fria que completou
ontem 50 anos.
O presidenciável russo falou
ao comitê sobre um belicoso
conselho que teria recebido do
ex-secretário da Defesa norte-americano Donald Rumsfeld,
um dos principais articuladores da Doutrina Bush. "O mesmo Donald Rumsfeld, que passou a infância em Chicago, famosa pelos mafiosos, me disse:
"eles ouvem melhor seus argumentos se, além de sorrir, você
tiver um arma no bolso"."
A paridade seria qualitativa e
não quantitativa, segundo Ivanov. Ele diz que a cada ano a
Rússia deve fabricar seis ou sete Topol-M -seus mais modernos mísseis nucleares intercontinentais-, embora seja capaz de produzir de 25 a 30. Desde as décadas de 70 e 80, uma
série de acordos busca regulamentar a redução do arsenal
nuclear mundial.
O presidente Vladimir Putin
parabenizou ontem o Comitê
Militar-Industrial, pelas "significativas contribuições" ao desenvolvimento econômico e à
segurança do país. Impedido
constitucionalmente de exercer um terceiro mandato consecutivo, o popularíssimo Putin terá influência decisiva nas
eleições de março e a próxima
gestão deve acompanhar as diretrizes estratégicas do seu governo -que buscou uma reinserção da Rússia como potência internacional.
Relações tensas
As aspirações de grandeza
russa vêm deteriorando as relações do país com Estados Unidos ao longo das duas gestões
de Putin.
O 11 de Setembro representou uma breve trégua, com a ascensão global da agenda antiterrorismo de Bush, que ajudou
a legitimar as iniciativas de
Moscou para reprimir separatistas, em especial islâmicos.
Logo, porém, a curta lua-de-mel entre o Kremlin e a Casa
Branca seria ofuscada por divergências sobre importantes
questões geopolíticas, sobretudo no Cáucaso e em relação ao
Irã. Moscou defende o programa nuclear de Teerã e se opõe a
novas sanções contra o país.
Propaganda anti-russa
O chancelar russo Sergei Lavrov acusou ontem a americana Fundação Jamestown de espalhar propaganda anti-russa e
criticou os Estados Unidos por
terem permitido a realização,
na semana passada, de evento
do think-tank em Washington.
As tensões separatistas nos
Bálcãs e na Chechênia eram o
tema do debate da Jamestown,
que criticou duramente as políticas russas nas duas regiões.
Segundo o chanceler, os palestrantes "receberam carta branca para espalhar propaganda
extremistas e incitar discórdia
étnica e religiosa". A Fundação
Jamestown tem entre seus
membros Zbigniew Brzezinski,
conselheiro de Segurança Nacional durante a gestão de
Jimmy Carter na Casa Branca.
A interferência estrangeira
em assuntos internos é tema
corrente no debate político
russo. Durante a campanha legislativa, Putin chamou seus
opositores de "hienas" alimentadas pelo dinheiro ocidental.
Com agências internacionais
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