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SUCESSÃO NOS EUA / POLÍTICA EXTERNA
Obama levará "cenouras e varas" à negociação com Irã
Eleito promete "diplomacia dura", aliada a "operações militares mais eficazes"
Democrata anuncia nome de general que foi crítico da condução da Guerra do Iraque para comandar Assuntos de Veteranos
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Diplomacia "dura e direta"
combinada a operações militares mais eficazes darão o tom
da política externa do próximo
governo norte-americano. A
promessa é do presidente eleito, Barack Obama, que disse
ainda que oferecerá "cenouras
e varas" para engajar o Irã em
negociações.
Depois de repetir que era
preciso deixar claro que o desenvolvimento de armas nucleares, as ameaças a Israel e o
apoio a organizações radicais
como o Hamas e o Hizbollah
eram "inaceitáveis", o democrata disse que falaria de maneira direta e daria chance de
escolha a Teerã, com quem os
EUA não mantêm relações há
29 anos. Apresentará, disse, um
conjunto de ações para tentar
mudar a atitude do país.
Usou a frase "carrots and
sticks", literalmente cenouras e
varas, expressão que significa a
promessa de recompensa aliada à ameaça de retaliação. A expressão remete também, no lado das ameaças, à política do
"big stick" (porrete), que caracteriza a aplicação pelo presidente Theodore Roosevelt
(1901-1909) da Doutrina Monroe, pela qual os EUA declararam o Hemisfério Ocidental
sua zona de influência.
"Em termos de cenouras,
acho que podemos oferecer incentivos econômicos que ajudarão um país que, apesar de
ser produtor de petróleo, está
sob grande pressão, inflação
imensa e muitos problemas de
desemprego", disse.
"Mas também temos de nos
concentrar nas varas: uma das
grandes coisas que a diplomacia pode conseguir é ajudar a
costurar uma coalizão com
China, Índia, Rússia e outros
países que fazem negócio hoje
com o Irã" para aplicar sanções
econômicas caso o regime se
recuse a cooperar, concluiu.
Obama falava ao jornalista
Tom Brokaw, do programa
"Meet The Press", na terceira
entrevista individual que deu à
TV desde que foi eleito. De que
maneira ele mudará a atual política externa americana é uma
das grandes incógnitas.
Nos últimos dias, Obama
anunciou seu time para a área,
formado pela senadora Hillary
Clinton no Departamento de
Estado, o atual secretário da
Defesa, Robert Gates, que manterá o cargo, e o general reformado James Jones no Conselho de Segurança Nacional.
"Tenho grande confiança na
habilidade da senadora de reconstruir alianças e mandar sinais fortes de que vamos nos
portar de maneira diferente e
enfatizar a diplomacia", disse.
À tarde, aproveitou a data,
67º aniversário do ataque a
Pearl Harbor, para anunciar
mais um membro de seu gabinete, o secretário de Assuntos
de Veteranos. O cargo será ocupado pelo general reformado
Eric Shinseki, um dos primeiros do alto escalão do Pentágono a questionar a estratégia de
George W. Bush para o Iraque.
Em depoimento ao Senado
um mês antes da invasão, em
2003, o então comandante do
Exército disse que para manter
a paz no Iraque pós-guerra seriam necessários "centenas de
milhares de soldados". O então
secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, o criticou -a retórica oficial era de que a guerra seria rápida e com poucas baixas.
Quando ele saiu da ativa, ainda naquele ano, Rumsfeld não
foi à cerimônia de desligamento. Mas ele se provaria certo
-no auge, quase 200 mil homens estiveram no Iraque- e
seria adotada por Bush na escalada que promoveu em 2007 e
que é parcialmente responsável pela relativa situação de calma por que o país árabe passa.
Havaiano como Obama e
descendente de japoneses, o
militar de 66 anos comandará a
segunda maior pasta do governo, com 240 mil funcionários,
que cuida de serviços de saúde e
pensão para militares da ativa e
veteranos. Com duas guerras, o
departamento sofre com o alto
número de feridos, soldados
com estresse pós-traumático e
recordes de suicídio.
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