São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Latino é favorito para negociar comércio

Apoiado pelos sindicatos americanos, deputado californiano Xavier Becerra tem viés protecionista

MARK LANDLER
DO "NEW YORK TIMES"

Se o presidente eleito Barack Obama escolher o deputado democrata da Califórnia Xavier Becerra para ser o representante comercial da Casa Branca, como tudo indica, isso lhe fará marcar vários pontos políticos.
Becerra é conhecido como defensor dos direitos dos trabalhadores e cético em relação a acordos comerciais. Isso agradaria aos partidários sindicalistas de Obama, que, durante a campanha, falaram em reabrir o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte).
Becerra é aliado da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, outra democrata da Califórnia, e seria o segundo latino no círculo dos assessores mais próximos do presidente, consolando aqueles que se decepcionaram quando o outro, o governador Bill Richardson, do Novo México, foi preterido para o cargo de secretário de Estado, terminando no pouco glamuroso Departamento do Comércio.
Um obstáculo potencial, mas não muito grande, à ratificação de Becerra é o fato de ele ter tido um papel num escândalo de comutação de pena durante o governo Clinton. O envolvimento de Becerra no caso em questão -ele foi um dos que escreveu cartas à Casa Branca pedindo que fosse revisto o processo de um traficante de drogas condenado- não atrapalhou sua ascensão nas fileiras democratas no Congresso. Becerra, 50 anos, se reuniu com Obama em Chicago na quinta-feira. Se for escolhido como representante comercial, enfrentará uma série de desafios. Estes incluem a decisão de levar adiante ou não um acordo de livre comércio com a Colômbia, que se encontra parado, e como reavivar a Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio), num momento de crescente sentimento protecionista no Congresso.

Protecionismo
Especialistas comerciais disseram que a nomeação de Becerra vai sugerir que Obama pretende cumprir suas promessas de campanha de submeter os acordos comerciais novos e os já existentes a um escrutínio mais intenso.
Becerra, que entrou para o Congresso em 1992 e representa um distrito em Los Angeles, votou a favor do Nafta, mas agora diz que se arrepende. Em 2005, ajudou a liderar a oposição ao Acordo de Livre Comércio da América Central. O pacto foi aprovado na Câmara com diferença de dois votos a favor. Mas Becerra votou a favor de um acordo comercial com o Peru e pela normalização das relações comerciais com a China. Para analistas, ele simboliza a trajetória do Partido Democrata em questões comerciais nos últimos 15 anos -do viés favorável ao livre-comércio nos anos Clinton em direção a uma posição mais protecionista.
Frank Vargo, vice-presidente de assuntos econômicos internacionais da Associação Nacional de Manufatureiros, disse que acha preocupante o fato de Becerra ter declarado que se arrependeu de votar a favor do Nafta: "Se ele se tornar representante comercial, terá que manter uma posição aberta". Alguns analistas sugerem que a escolha de Becerra será uma concessão à base democrata de Obama, após uma série de nomeações na área econômica -Timothy F. Geithner para secretário do Tesouro e Lawrence H. Summers para assessor econômico principal da Casa Branca- que foram vistas como mais favoráveis ao empresariado do que aos trabalhadores e sindicalistas.
"Estamos à vontade com essa nomeação", disse Thea M. Lee, diretora de política pública da central sindical AFL-CIO. "O presidente eleito assinalou que quer que a política comercial siga nova direção. A escolha do deputado Becerra indica que ele vai exigir um critério elevado da política comercial."


Tradução de CLARA ALLAIN



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