São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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Líder prega diálogo com futuro colega brasileiro

DA ENVIADA A LA PAZ

Evo Morales, que ficará no poder na Bolívia ao menos até 2015, disse ontem esperar que o próximo "presidente ou presidenta" do Brasil, a ser eleito em 2010, mantenha "um diálogo transparente e sincero" com seu país.
Morales havia sido questionado sobre o estado das relações bilaterais num momento em que o envio de gás para o Brasil, o principal mercado do combustível boliviano, está no nível mais baixo permitido pelo contrato vigente até 2019 -e quando o governo brasileiro se move para ter cada vez mais fontes alternativas de energia.
O presidente boliviano escolheu um tom conciliador, afirmando que as diferenças sobre preço de gás e mercado serão resolvidas por "diálogo".
Morales também aproveitou a entrevista para se explicar sobre o momento mais tenso das relações Brasil-Bolívia desde sua chegada ao poder: a nacionalização do gás, em 2006.
Na época, Morales ocupou refinarias da Petrobras acompanhado por militares.
Ontem, ele disse que esse foi um momento "duro" para Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que tentou falar com o colega brasileiro e ministros para alertá-los sobre a ação, que surpreendeu Brasília.
Se a avaliação é que as relações bilaterais melhoraram de lá para cá, ainda há arestas. Segue inconclusa uma negociação entre a empresa e La Paz: o pagamento pelo chamados "gases ricos" atrelados ao gás vendido ao Brasil. Os países acertaram que a Petrobras pagaria pelo adicional um valor acordado de US$ 100 milhões retroativo a 2007 -que ainda não foi pago.

Narcotráfico e Brasil
O tema do narcotráfico não foi mencionado na coletiva, mas é um ponto que vai ganhar relevância na agenda entre Brasília e La Paz no segundo mandato de Morales, na avaliação do governo brasileiro.
A ONU reporta um crescimento de 41% na produção estimada de pasta de cocaína desde a ascensão de Morales, que mantém o cargo de presidente da federação dos cocaleiros bolivianos e sofre pressão da sua base para aumentar ainda mais a área de plantio destinada ao consumo tradicional. Segundo a Polícia Federal, 80% da cocaína brasileira vem da Bolívia.
De 2007 para cá, a comissão mista bilateral sobre o tema se reuniu duas vezes. Porém, a cooperação ainda é incipiente, com o agravante de que a Bolívia não tem mais a ajuda de inteligência da DEA, a agência antidrogas dos EUA, cujos agentes foram expulsos por Morales em 2008.


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