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Líder prega diálogo com futuro colega brasileiro
DA ENVIADA A LA PAZ
Evo Morales, que ficará no
poder na Bolívia ao menos até
2015, disse ontem esperar que
o próximo "presidente ou presidenta" do Brasil, a ser eleito
em 2010, mantenha "um diálogo transparente e sincero" com
seu país.
Morales havia sido questionado sobre o estado das relações bilaterais num momento
em que o envio de gás para o
Brasil, o principal mercado do
combustível boliviano, está no
nível mais baixo permitido pelo
contrato vigente até 2019 -e
quando o governo brasileiro se
move para ter cada vez mais
fontes alternativas de energia.
O presidente boliviano escolheu um tom conciliador, afirmando que as diferenças sobre
preço de gás e mercado serão
resolvidas por "diálogo".
Morales também aproveitou
a entrevista para se explicar sobre o momento mais tenso das
relações Brasil-Bolívia desde
sua chegada ao poder: a nacionalização do gás, em 2006.
Na época, Morales ocupou
refinarias da Petrobras acompanhado por militares.
Ontem, ele disse que esse foi
um momento "duro" para Luiz
Inácio Lula da Silva. Disse que
tentou falar com o colega brasileiro e ministros para alertá-los
sobre a ação, que surpreendeu
Brasília.
Se a avaliação é que as relações bilaterais melhoraram de
lá para cá, ainda há arestas. Segue inconclusa uma negociação
entre a empresa e La Paz: o pagamento pelo chamados "gases
ricos" atrelados ao gás vendido
ao Brasil. Os países acertaram
que a Petrobras pagaria pelo
adicional um valor acordado de
US$ 100 milhões retroativo a
2007 -que ainda não foi pago.
Narcotráfico e Brasil
O tema do narcotráfico não
foi mencionado na coletiva,
mas é um ponto que vai ganhar
relevância na agenda entre
Brasília e La Paz no segundo
mandato de Morales, na avaliação do governo brasileiro.
A ONU reporta um crescimento de 41% na produção estimada de pasta de cocaína desde a ascensão de Morales, que
mantém o cargo de presidente
da federação dos cocaleiros bolivianos e sofre pressão da sua
base para aumentar ainda mais
a área de plantio destinada ao
consumo tradicional. Segundo
a Polícia Federal, 80% da cocaína brasileira vem da Bolívia.
De 2007 para cá, a comissão
mista bilateral sobre o tema se
reuniu duas vezes. Porém, a
cooperação ainda é incipiente,
com o agravante de que a Bolívia não tem mais a ajuda de inteligência da DEA, a agência
antidrogas dos EUA, cujos
agentes foram expulsos por
Morales em 2008.
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