São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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IRAQUE

Destino de 6.000 bombas de gás venenoso é incerto, dizem chefes de inspetores

ONU vê falha em relatório iraquiano

DA REDAÇÃO

A declaração de armas entregue pelo Iraque à ONU em dezembro não respondeu a algumas questões sobre armas químicas e biológicas, incluindo o destino de 6.000 bombas de gás venenoso, segundo autoridades da ONU.
Ainda ontem, as Filipinas indicaram que países árabes estão trabalhando para que o ditador Saddam Hussein vá para o exílio, o que o Iraque nega. Já a Indonésia, maior país muçulmano do mundo, se disse contrária a uma ação militar para depor Saddam.
Hans Blix, chefe dos inspetores de armas da ONU, e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, devem entregar hoje ao Conselho de Segurança da ONU um segundo parecer sobre a declaração iraquiana.
O documento iraquiano, segundo resolução da ONU, deveria descrever quais armas e programas de desenvolvimento de armas químicas, biológicas e nucleares existem no país. Bagdá nega possuir essas armas. O relatório final dos inspetores, que pode servir de base para um ataque ao Iraque, será entregue no dia 27.
Documento recebido por Blix indica que, na guerra contra o Irã (1980-88), o Iraque usou 6.000 bombas químicas a menos do geralmente declara. Não se sabe onde foi parar o restante. Para se explicar, o Iraque convidou Blix e ElBaradei a irem a Bagdá.
Outro ponto que os iraquianos teriam falhado em explicar é o destino de estoques de agentes biológicos, como o antraz. Blix, em sua avaliação inicial no mês passado, disse que o Iraque não forneceu informações suficientes sobre 50 mísseis convencionais que Bagdá diz terem sido destruídos e de 550 bombas de gás mostarda que foram declaradas perdidas na Guerra do Golfo (1991).
O Iraque diz que destruiu os seus estoques de antraz entre 1988 e 1991, mas Blix acha que a informação não seja acurada. Os gases mostarda também foram eliminados, de acordo com Bagdá.

Renúncia de Saddam
O ministro das Relações Exteriores das Filipinas, Blas Ople, disse ontem que governos de países árabes estão se esforçando para tentar convencer Saddam a abandonar o poder e se exilar em algum país. Ele afirma que recebeu as informações de embaixadores árabes em Manila.
No mesmo dia, o jornal alemão "Tageszeitung" disse que autoridades russas estão em Bagdá desde novembro avaliando as possibilidades de Saddam renunciar. O presidente russo, Vladimir Putin, estaria enviando um emissário a Bagdá nos próximos dias para finalizar os detalhes. O governo russo negou a informação. O embaixador iraquiano em Moscou, Abbas Khalaf, disse que "Saddam continuará no país até ser derramada a última gota de sangue".
Ontem, desembarcaram soldados americanos no Kuait, como parte da preparação para uma possível guerra. O número total não foi divulgado.
O vice-premiê iraquiano, Tareq Aziz, disse ontem em Bagdá que "os EUA e o Reino Unido estão planejando uma guerra devastadora contra o Iraque".
Um dia após o presidente da França, Jacques Chirac, admitir que o país pode participar de uma ofensiva contra o Iraque, pesquisa indicou que dois terços dos franceses se opõem à guerra.


Com agências internacionais


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