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TURQUIA
Agca ficou preso 19 anos na Itália; foi extraditado para Istambul, onde cumpria pena por assassinato de jornalista
Homem que atirou em João Paulo 2º será solto quinta
DA REDAÇÃO
Mehmet Ali Agca, que em 1981
atirou contra João Paulo 2º na
praça São Pedro e o feriu gravemente, deverá ser libertado quinta-feira da penitenciária de Istambul, na qual permanece preso por
outros crimes. O Vaticano não
quis comentar. O porta-voz, Joaquin Navarro-Valls, afirmou em
breve nota que "se atém às decisões dos tribunais competentes".
Agca, hoje com 47 anos, permaneceu preso na Itália por 19 anos,
pena à qual foi condenado em razão do atentado contra o papa. Ele
foi em seguida extraditado para a
Turquia, país do qual é cidadão e
no qual passou a cumprir sentenças por três outras condenações
anteriores a sua chegada à Itália.
Em 1983 o papa o visitou na prisão italiana de Rebibbia, rezou em
sua companhia e disse que o perdoava pelo atentado. Seqüelas do
tiro recebido no abdome afetaram a saúde de João Paulo 2º até
sua morte, no ano passado.
A informação da iminente soltura de Agca foi dada pela agência
oficiosa Anatolia. Segundo ela,
um tribunal turco constatou que
ele poderia se beneficiar do regime de liberdade condicional.
Mas o advogado de Agca reagiu
de início com surpresa. Só mais
tarde Dogan Yildirin confirmaria
que a soltura ocorreria no dia 12.
"É uma decisão correta, porque
meu cliente está preso já há muitos anos." Pelas primeiras informações, ele poderia deixar ainda
hoje a penitenciárias de Istambul.
A irmã de Agca também recebeu a informação com surpresa.
"Não ouvimos falar sobre o assunto". A família dele mora em
Malatya, no sudeste do país.
Ao ser libertado, na quinta, Agca deverá se apresentar a um posto de recrutamento militar. Ele
não prestou o serviço militar obrigatório. A agência Anatolia disse
que, em tese, ele precisaria agora
fazê-lo.
Antes do atentado em Roma,
Agca já havia sido condenado em
Istambul por um assalto a banco,
por um roubo e por ter assassinado o jornalista Abdi Ipekci.
Ipekci era um dos mais conhecidos colunistas da esquerda turca.
Agca era simpatizante do grupo
paramilitar Lobos Cinzas, de extrema direita, que no final dos
anos 70 agredia participantes de
passeatas estudantis.
Suas afinidades ideológicas com
os órgãos de segurança facilitaram sua fuga da prisão em 1979,
diz a agência Reuters. Mas o governo sempre negou cumplicidade com "esse desequilibrado".
Foragido, ele reapareceria em
Roma e se notabilizaria por atentar contra a vida de João Paulo 2º.
Na época, rumores próprios à
Guerra Fria afirmavam que o
atentado havia sido planejado pela União Soviética e pela Polônia.
A hipótese era verossímil, na
medida em que o papa, nascido
na Polônia, se opunha ao regime
comunista polonês. Moscou considerava que João Paulo 2º era um
sério fator de desestabilização política do Leste Europeu.
Há dois anos, a Justiça turca determinou que Agca, já repatriado,
só cumprisse a pena mais longa
entre as três condenações ainda
pendentes, aquela pelo assassinato do jornalista.
O advogado de Agca solicitou
há semanas sua liberdade condicional, com base numa legislação
penal mais liberal que a Turquia
recentemente adotou. Era uma
resposta a essa solicitação que o
advogado estava esperando.
Pela legislação anterior, ele deveria cumprir pena de prisão perpétua pela morte de Abdi Ipekci.
A Turquia procura adaptar suas
leis aos padrões menos draconianos que vigoram na União Européia, bloco ao qual é candidata.
Com agências internacionais
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