São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Comparação com o nazismo pelo PT é ofensiva, diz ministro israelense

Membro do gabinete de segurança afirma que declaração é "descabida"

ENVIADO ESPECIAL A ASHKELON

A comparação da ofensiva israelense com o nazismo é "extremamente ofensiva", e quem a fez ignora a história. A reação é do ministro de Assuntos Sociais de Israel, Isaac Herzog, ao saber que o PT criticou os ataques israelenses a áreas civis como "uma prática típica do Exército nazista".
Membro do gabinete de segurança israelense, Herzog -cuja mulher passou a infância no Rio de Janeiro- conversou com a Folha em Ashkelon, cidade a 15 km da faixa de Gaza que tem sido alvo diário de foguetes. (MARCELO NINIO)

 

FOLHA - O assessor internacional do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, disse que Israel pratica "terrorismo de Estado" e o partido do presidente comparou os ataques a "práticas nazistas". O que sr. acha desses comentários?
ISAAC HERZOG
- São comentários extremamente ofensivos. As pessoas deveriam ler mais para conhecer melhor a história, antes de usar esse tipo de linguagem. Israel protege seus cidadãos em um ato de legítima defesa e está tentando ao máximo reduzir o drama humanitário e o número de baixas civis.

FOLHA - O governo brasileiro quer participar da mediação do conflito. É uma oferta relevante?
HERZOG
- Temos muito respeito pelo Brasil e excelentes relações com o seu governo e consideramos bem-vinda qualquer iniciativa para contribuir com a paz na região. Parte dos esforços do Brasil e da comunidade internacional em geral poderia ser o fortalecimento do processo que já começamos com os palestinos moderados da Autoridade Nacional Palestina e o presidente Mahmoud Abbas, para melhorar a economia da Cisjordânia. Espero que em algum ponto esse esforço também possa se estender a Gaza, com forças moderadas que reconhecem Israel e estão dispostas a continuar o processo de paz.

FOLHA - Esse tipo de comentário feito pelo partido do presidente Lula descredencia o Brasil como mediador neutro?
HERZOG - Não vou interferir na política brasileira e não sei quem fez esses comentários. Mas rejeito categoricamente qualquer comparação descabida com o nazismo e convido as pessoas que a fizeram a passar um dia em Sderot [na fronteira com Gaza] para ver o bombardeio permanente que sofremos há oito anos e a me dizer se é possível viver assim.

FOLHA - O fato de Israel estar disposto a negociar um cessar-fogo é sinal de que já alcançou seus objetivos na ofensiva?
HERZOG
- Consideramos bem-vindos os esforços internacionais para o cessar-fogo, mas estamos prontos e dispostos a ampliar e escalar a operação se for necessário.


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