São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Divisão muda o paradigma para surgimento de Estados

FÁBIO ZANINI
EDITOR DE MUNDO

A descolonização africana começou há 50 anos com uma regra sagrada: fronteiras são indivisíveis. Ao longo de décadas, países surgiram às pencas, mas sempre respeitando o princípio conhecido no jargão da diplomacia como "uti possidetis" (o que você possui, em latim).
Do ponto de vista estratégico, fazia sentido que as linhas políticas traçadas pelas potências europeias no final do século 19 fossem a base para os novos Estados, por mais arbitrária que sua criação tivesse sido.
Uma espécie de acordo de cavalheiros proibiu subdivisões. Evitou-se, assim, que cada um dos centenas de grupos étnicos agrupados em alguns poucos países pelos colonizadores criasse seu Estado, receita para o caos.
Sempre que se buscou quebrar a regra, houve crises. A tentativa do sudeste da Nigéria de se separar em 1967 gerou a Guerra de Biafra, que deixou 1 milhão de mortos.
Não há precedente africano, assim, para a secessão do sul do Sudão. O caso mais próximo é a Eritreia, que se separou da Etiópia em 1993.
Mas a região havia sido colonizada de forma separada pela Itália antes de ser engolida pelos etíopes em 1951.
Quanto ao Sudão, trata-se da divisão de uma mesma ex-colônia (britânica), gerando um divórcio que será sentido por muito tempo em lugares como Somália, Angola e Marrocos, para ficar apenas em países africanos com movimentos secessionistas fortes.


Texto Anterior: Sobrevivente passou por três bombardeios
Próximo Texto: Rubens Ricupero: Morrer na praia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.