São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

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Sobrevivente passou por três bombardeios

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM JUBA


Philip tem 25 anos e, apesar de sua idade, tem a face curtida. Há um ano, é policial em Juba (capital da região sul do Sudão), porque não pode pagar os estudos.
Agora, trabalha na segurança do referendo no qual os sul-sudaneses votarão por sua independência.
Philip não é de Juba. Nasceu em Kirik, uma aldeia da tribo moru, de cerca de 2.000 habitantes, em uma zona montanhosa na província de Mundri, oeste do país.
Ali, os primeiros efeitos da guerra começaram no ano de 1984, com o recrutamento forçado do Exército rebelde, que havia iniciado o conflito um ano antes.
É o sexto de sete irmãos e desde criança trabalhou no campo. Sua tribo, que chega a 250 mil integrantes, é uma das 400 que formam o Sudão negro, cristão e animista (seguidor de ritos tradicionais africanos).
Quando nasceu, a guerra civil já havia começado. Porém, nunca foi escolhido pelo chefe da aldeia, que decidia quem iria se juntar aos rebeldes.
Aos 12 anos, todavia, os soldados levaram seu irmão Parango, de 14 anos. Philip ainda se recorda de como chorava sua mãe.
"Durante os anos de guerra, dividíamos o teto e a comida com o SPLA (Exército rebelde do sul). Quando tomavam a aldeia, o medo era que nos recrutassem".
Durante duas décadas, a província de Mundri foi palco de alguns dos maiores combates da guerra.
Sua aldeia foi bombardeada três vezes entre 1998 e 2000.
Os bombardeios, lembra-se, ocorriam "em forma de cruz" pela aviação do governo central. Primeiro em um sentido e depois no outro. "Morreu muita gente, amigos, familiares", afirma. (JG)


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