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Analistas não
acreditam em
afastamento
DA REDAÇÃO
Apesar da grande impopularidade do presidente Luis González Macchi e das fortes acusações de corrupção que pesam
contra ele, a maioria dos analistas políticos paraguaios não
acredita na possibilidade de o
pedido de impeachment ser
aprovado no Senado.
Um dos argumentos contra o
afastamento apontado pelos
analistas é o fato de as eleições
presidenciais estarem marcadas para o dia 27 de abril, em
menos de três meses, e a posse
do próximo presidente para o
dia 15 de agosto. O próprio
González Macchi diz que aceitaria transmitir o cargo ao sucessor logo após as eleições, o
que pode indicar um acordo
para evitar seu afastamento.
"Razões para o afastamento
até existem, mas a questão é
que é melhor esperar do que
afastar um presidente quando
faltam menos de três meses para as eleições", disse à Folha o
analista José Nicolás Morinigo,
professor de teoria política da
Universidade Católica de Assunção e diretor do Gabinete
de Estudos de Opinião. "Há um
consenso de que o presidente
não será afastado, o que explica
a ausência de um clima de tensão política no país", afirmou.
González Macchi é acusado,
entre outras coisas, pelo uso de
um BMW roubado no Brasil,
pelo desvio de US$ 16 milhões
de dois bancos em liquidação
para uma conta no exterior de
uma fundação presidida por
sua irmã e pelo espancamento
de dois membros do partido
esquerdista Patria Libre, em janeiro do ano passado.
A defesa do presidente nega
as acusações e diz que o pedido
de impeachment tem motivações políticas. "Ele não será
destituído", disse à Folha o advogado de defesa Osvaldo Bergonzi. "Os acusadores não
mostraram uma só prova para
responsabilizar o presidente."
Até agora nenhum líder político paraguaio de expressão
saiu publicamente em defesa
do presidente, nem mesmo em
sua agremiação política, o Partido Colorado, que tem maioria na Câmara e no Senado.
O presidente do Partido Colorado e candidato presidencial
na eleição de abril, Nicanor
Duarte Frutos, chegou a afirmar, há algumas semanas, que
ia trabalhar para "apressar" a
renúncia do presidente. Segundo reportagens publicadas na
semana passada em jornais paraguaios, ele e González Macchi não se falam há três meses.
Para Morinigo, a impopularidade de González Macchi e a
grave crise econômica por que
passa o país o tornam uma figura indesejada entre os demais políticos, o que explica o
discurso inamistoso em relação a ele. "Ninguém quer defender publicamente o presidente, porque ele pode tirar votos", diz. "Eles atacam publicamente, mas, na hora de votar,
votam contra o afastamento."
Outra questão que conta contra o impeachment é a má reputação do senador Juan Carlos Galaverna, presidente do
Congresso e substituto imediato de González Macchi. Galaverna também pertence ao Partido Colorado. "Ninguém quer
trocar seis por meia dúzia",
afirma Morinigo.
(RW)
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