|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Putin acusa EUA de iniciarem corrida armamentista
Três meses antes de deixar Presidência, russo promete equiparar-se ao que vê como escalada militar do Ocidente
Ao fazer o balanço de seus
oito anos de governo, líder
diz que país será potência
econômica e sociedade de
bem-estar até o ano 2020
DA REDAÇÃO
Em um discurso de despedida no qual fez um balanço de
seus oito anos de gestão, o presidente russo, Vladimir Putin,
disse ontem que uma nova corrida armamentista mundial está em curso e que a Rússia vai
desenvolver equipamentos bélicos de alta tecnologia em resposta às manobras de Estados
Unidos e Otan (aliança militar
ocidental) na Europa do Leste.
Durante o pronunciamento
no Kremlin, Putin, que está a
três meses de deixar o cargo,
disse que os "países industrializados" gastam muito mais do
que a Rússia em novas armas,
obrigando Moscou a sempre
responder com a adoção de
"decisões equivalentes" .
"Já está claro que uma nova
corrida armamentista está se
desenrolando no mundo. Não é
nossa culpa, não fomos nós que
começamos", disse Putin, arrancando aplausos da platéia,
onde se encontrava quase toda
a elite política russa.
Na primeira fila estava o candidato que Putin escolheu para
sucedê-lo, Dmitri Medvedev,
que portanto deve vencer sem
esforço a eleição de março. Mas
o presidente já deixou claro que
continuará atuante, provavelmente como premiê de Medvedev -que já o convidou.
Ao longo de seus dois mandatos e graças a recursos advindos
do petróleo, Putin aumentou
em mais de 20% os gastos com
defesa nos últimos três anos.
Mas a capacidade militar russa
ainda é muito inferior à que tinha durante a Guerra Fria e à
americana.
Em dezembro, o governo
russo anunciou que estava planejando exercícios navais no
mar Mediterrâneo e no oceano
Atlântico. O país também retomou, em agosto do ano passado, as patrulhas aéreas de longa
distância, prática que havia
abandonado depois do colapso
da União Soviética.
Putin justificou a adoção de
uma nova estratégia militar ao
argumentar que, enquanto a
Rússia desmantela as suas bases militares da era soviética, o
Ocidente expande as instalações da Otan para perto de suas
fronteiras e os EUA planejam
fixar um escudo antimísseis na
Europa Central e do Leste.
"Nós liquidamos nossas bases em Cuba e no Vietnã. Que
tivemos em troca? Novas bases
americanas na Romênia, na
Bulgária. O escudo antimíssil
será mobilizado na Polônia e na
República Tcheca". O presidente lembrou que o Ocidente
nunca tomou nenhuma medida
concreta para dissipar ou responder às preocupações de
Moscou sobre o escudo.
Putin também condenou o
que chama de tentativas "imorais e ilegais" de outros países
de "interferir em assuntos domésticos russos", numa aparente referência aos constantes
questionamentos sobre a legitimidade das eleições de 2 de
março. A Organização para a
Cooperação e Segurança da Europa (OSCE) anunciou que não
enviará monitores em protesto
contra as restrições impostas
por Moscou.
Economia
Na seara doméstica, Putin
disse ter lançado as bases para
transformar a Rússia em uma
"potência econômica" e em
"uma sociedade de bem-estar"
até 2020. E exaltou o fato de
sua equipe ter formado o que
chama de "um sistema político
estável e eficaz, no qual o Estado já não se deixa manipular
por monopólios energéticos, financeiros e de comunicação"
-os anos Putin são marcados
pela perseguição aos oligarcas
desses setores, que prosperaram com as privatizações promovidas pelo governo Ieltsin.
Com agências internacionais e "Financial Times"
Texto Anterior: Farc: Parentes de reféns encontram Chávez hoje Próximo Texto: Estudo destrói mito de que Geração Google é melhor no mundo virtual Índice
|