São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Putin acusa EUA de iniciarem corrida armamentista

Três meses antes de deixar Presidência, russo promete equiparar-se ao que vê como escalada militar do Ocidente

Ao fazer o balanço de seus oito anos de governo, líder diz que país será potência econômica e sociedade de bem-estar até o ano 2020

DA REDAÇÃO

Em um discurso de despedida no qual fez um balanço de seus oito anos de gestão, o presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem que uma nova corrida armamentista mundial está em curso e que a Rússia vai desenvolver equipamentos bélicos de alta tecnologia em resposta às manobras de Estados Unidos e Otan (aliança militar ocidental) na Europa do Leste.
Durante o pronunciamento no Kremlin, Putin, que está a três meses de deixar o cargo, disse que os "países industrializados" gastam muito mais do que a Rússia em novas armas, obrigando Moscou a sempre responder com a adoção de "decisões equivalentes" .
"Já está claro que uma nova corrida armamentista está se desenrolando no mundo. Não é nossa culpa, não fomos nós que começamos", disse Putin, arrancando aplausos da platéia, onde se encontrava quase toda a elite política russa.
Na primeira fila estava o candidato que Putin escolheu para sucedê-lo, Dmitri Medvedev, que portanto deve vencer sem esforço a eleição de março. Mas o presidente já deixou claro que continuará atuante, provavelmente como premiê de Medvedev -que já o convidou.
Ao longo de seus dois mandatos e graças a recursos advindos do petróleo, Putin aumentou em mais de 20% os gastos com defesa nos últimos três anos. Mas a capacidade militar russa ainda é muito inferior à que tinha durante a Guerra Fria e à americana.
Em dezembro, o governo russo anunciou que estava planejando exercícios navais no mar Mediterrâneo e no oceano Atlântico. O país também retomou, em agosto do ano passado, as patrulhas aéreas de longa distância, prática que havia abandonado depois do colapso da União Soviética.
Putin justificou a adoção de uma nova estratégia militar ao argumentar que, enquanto a Rússia desmantela as suas bases militares da era soviética, o Ocidente expande as instalações da Otan para perto de suas fronteiras e os EUA planejam fixar um escudo antimísseis na Europa Central e do Leste.
"Nós liquidamos nossas bases em Cuba e no Vietnã. Que tivemos em troca? Novas bases americanas na Romênia, na Bulgária. O escudo antimíssil será mobilizado na Polônia e na República Tcheca". O presidente lembrou que o Ocidente nunca tomou nenhuma medida concreta para dissipar ou responder às preocupações de Moscou sobre o escudo.
Putin também condenou o que chama de tentativas "imorais e ilegais" de outros países de "interferir em assuntos domésticos russos", numa aparente referência aos constantes questionamentos sobre a legitimidade das eleições de 2 de março. A Organização para a Cooperação e Segurança da Europa (OSCE) anunciou que não enviará monitores em protesto contra as restrições impostas por Moscou.

Economia
Na seara doméstica, Putin disse ter lançado as bases para transformar a Rússia em uma "potência econômica" e em "uma sociedade de bem-estar" até 2020. E exaltou o fato de sua equipe ter formado o que chama de "um sistema político estável e eficaz, no qual o Estado já não se deixa manipular por monopólios energéticos, financeiros e de comunicação" -os anos Putin são marcados pela perseguição aos oligarcas desses setores, que prosperaram com as privatizações promovidas pelo governo Ieltsin.


Com agências internacionais e "Financial Times"


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