|
Próximo Texto | Índice
Khatami confirma que será candidato no Irã
Tido como interlocutor ideal para nova política externa dos EUA, ex-presidente deve polarizar pleito com Ahmadinejad
Reformista pregou quando presidente um "diálogo de civilizações"; ontem, pediu atenção para que escolha se dê de forma "livre e legítima"
Vahid Salemi/Associated Press
|
|
O ex-presidente iraniano Mohammed Khatami no evento em que anunciou que será candidato
DA REDAÇÃO
Ex-presidente do Irã entre
1997 e 2005, o moderado e reformista Mohammed Khatami,
65, anunciou ontem que disputará novamente a Presidência
de seu país em junho próximo.
Khatami é apoiado por reformistas em seu país e deve polarizar as eleições com o atual
presidente, Mahmoud Ahmadinejad, que busca a reeleição.
O político é apontado por especialistas como um interlocutor
capaz de realizar a distensão
nas relações entre o Irã e os
EUA, buscada pelo novo governo norte-americano como estratégia crucial para as relações
com o Oriente Médio.
"Anuncio que tomarei parte,
como candidato, das eleições",
disse Khatami ontem durante
um encontro de políticos moderados no Irã. "Devemos estar
atentos para que tenhamos
uma eleição livre e legítima,
além de garantir um comparecimento amplo às urnas."
As relações entre o país asiático -detentor da segunda
maior reserva de petróleo do
planeta- e os EUA, cronicamente difíceis desde a Revolução Islâmica de 1979, se agravaram na coincidência dos mandatos de Ahmadinejad e George
W. Bush. O ex-presidente norte-americano incluiu o Irã no
"eixo do mal", com Iraque e Coreia do Norte, e acusou Teerã
de fomentar o terrorismo e de
buscar uma bomba atômica
com seu programa nuclear. O
Irã nega as alegações, afirmando que desenvolve pesquisas
nucleares para fins pacíficos, de
geração de energia.
Cumprindo promessa de
campanha, Barack Obama reiterou após a posse sua disposição de conversar com o Irã e
"estender a mão da diplomacia" a Teerã se os líderes locais
se dispuserem a "abrir seu punho". Ahmadinejad respondeu
listando condições -entre elas
um pedido de desculpas pelos
"crimes contra o Irã" e o improvável fim do apoio da Casa
Branca a Israel.
Integrantes da equipe do novo presidente americano têm
mantido contatos com representantes iranianos desde pelo
menos setembro do ano passado, quando a candidatura de
Obama foi oficializada. Mas a
Casa Branca estaria esperando,
justamente, uma possível derrota do atual presidente nas
próximas eleições para lançar
uma ofensiva diplomática que
realize uma aproximação
maior entre os dois países.
Limites
Enquanto era presidente do
Irã, Khatami praticou uma política de distensão nas relações
políticas entre os dois países
-além de trabalhar por reformas sociais e menor rigor nos
costumes internamente.
No início do seu primeiro
mandato, em 1998, afirmou que
a existência do Taleban -que
também perseguiu grupos xiitas no Afeganistão- era um
motivo de preocupação para o
Irã e defendeu um "diálogo entre civilizações".
Muitas de suas tentativas de
reformas internas, no entanto,
foram bloqueadas por integrantes linha-dura do regime
islâmico. No Irã, o presidente
tem poderes limitados -a autoridade maior cabe ao aiatolá
Ali Khamenei. O líder supremo
vem apoiando o atual presidente, mas aliados de Khatami dizem que Khamenei informou
que não interferiria na eleição.
Ahmadinejad, por sua vez,
tem sofrido críticas por causa
da situação econômica do país.
O principal problema interno
-para além da queda dramática no preço do petróleo no mercado internacional- é a inflação, segundo críticos causada
por uma política de gastos populista. É essa mesma política,
no entanto, que poderia garantir apoio ao atual presidente
entre grupos mais pobres nas
zonas rurais do país.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Teerã anuncia que construirá mais 4 satélites Índice
|