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IRAQUE SOB TUTELA
País vive novo dia de intensa violência sectária; após impasse, abertura do Parlamento ocorrerá no domingo
Iraque conta 30 mortos e 50 seqüestrados
DA REDAÇÃO
Num sinal de que a violência
sectária que domina o Iraque há
duas semanas não perdeu fôlego,
12 pessoas morreram em ataques,
e 18 corpos foram encontrados
em um microônibus em Bagdá.
Também na capital, homens armados vestidos como agentes do
Ministério do Interior invadiram
uma firma de segurança e seqüestraram cerca de 50 funcionários.
Os homens chegaram às instalações da Rawafid Security no meio
da tarde e forçaram os funcionários -guarda-costas, motoristas,
técnicos de informática e outros
profissionais- a entrar em sete
veículos parados em frente. Como
os seqüestradores usavam uniformes das forças especiais do ministério, não houve resistência.
O Ministério do Interior classificou a ação de "terrorista" e negou
ter envolvimento no caso -líderes árabe-sunitas acusam agentes
do governo de seqüestrar e matar
membros aleatórios da facção minoritária sob a justificativa do
combate à insurgência. Boa parte
dos funcionários da Rawafid integrou as forças de Saddam Hussein, amplamente sunitas.
Latentes sob Saddam -que reprimia a maioria árabe-xiita e a
parcela de 15% da população que
tem etnia curda-, a violência entre as duas facções islâmicas explodiu no Iraque no último dia 22
com um ataque a uma importante
mesquita xiita. Tensões que vinham aflorando com a inversão
de papéis -sem Saddam, os sunitas perderam privilégios, e eleições diretas culminaram na vitória xiita- ganharam força e um
saldo de quase 600 mortos, segundo as estimativas mais modestas.
Ontem, ataques com bombas e
tiroteios deixaram mais 12 mortos
pelos país, inclusive dois meninos
vítimas de uma série de explosões
na capital que ainda matou outras
quatro pessoas. O comando militar americano também noticiou a
morte de um soldado na véspera
atingido por uma bomba improvisada em Tal Afar, perto da fronteira com a Síria, em um ataque
que ainda feriu quatro militares.
Mas o incidente mais soturno
do dia foi o encontro de um microônibus abandonado com 18
corpos, durante a madrugada,
por uma patrulha americana em
uma estrada ligando dos bairros
majoritariamente sunitas na zona
oeste de Bagdá. Os cadáveres são
todos de homens, a maioria deles
morta por estrangulamento
-dois traziam marcas de tiros.
A polícia iraquiana também encontrou outros seis corpos abandonados em diferentes pontos da
capital, quatro com sinais de estrangulamento, e dois, de balas.
Primeira sessão parlamentar
O xiita Adil Abdul-Mahdi, um
dos dois vice-presidentes do país,
assinou a convocatória da primeira sessão do Parlamento eleito em
dezembro último. Mahdi havia se
recusado inicialmente a endossar
a ordem do presidente Jalal Talabani, um curdo -o que, na prática, funcionou com um veto.
A sessão inaugural foi marcada
inicialmente para este domingo, e
a partir dela começará a correr
um prazo de 60 dias para a formação do novo governo. Por ora, a
negociação do bloco religioso xiita -que venceu a eleição, mas
não obteve maioria- para formar uma coalizão com árabes sunitas ou curdos está parada. Os
EUA temem que um vácuo de poder fomente a violência.
Com agências internacionais
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