São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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RELATÓRIO

Governo critica aliados

EUA admitem falhas em direitos humanos

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

Pela primeira vez no relatório anual do Departamento de Estado americano sobre direitos humanos, os EUA admitiram que também falham em cumpri-los.
Sob uma tempestade de críticas contra a manutenção de prisioneiros não indiciados em sua base militar em Guantánamo (Cuba) e as transferências não autorizadas de suspeitos de terrorismo para países onde há tortura, os EUA fizeram uma automenção no relatório anual -ainda que sutil.
O documento publicado ontem pelo Departamento de Estado afirma que o país vê que "sua própria jornada em direção à liberdade e à Justiça tem sido longa e difícil" e "está longe de acabar".
O relatório ainda cita abusos generalizados nos dois países onde os EUA, após invadir, ajudaram a instaurar um governo sob sua tutela recentemente, o Afeganistão e o Iraque. Sobre este último, o documento ressalta que a capacidade do governo de assegurar os direitos humanos no país foi seriamente prejudicada pelos ataques de insurgentes e pelo terrorismo, que desde a queda de Saddam Hussein, há três anos, afeta a vida cotidiana da população.
Outros aliados importantes dos EUA, cujos governos recebem apoio político e doações de Washington, também são mencionados. É o caso do Egito, da Arábia Saudita e do Paquistão.
Os dois primeiros são citados como exemplos de restrições aos direitos civis e desrespeito às mulheres, e o Paquistão, visitado pelo presidente George W. Bush na semana passada, como palco de "matanças", "tortura" e "estupros" praticados "rotineiramente" por suas forças de segurança.
Mas o destaque coube a alvos comuns de críticas americanas, como China, Cuba e Venezuela.
O relatório caracteriza a China como um dos sete países que "mais sistematicamente" violam os direitos humanos no mundo, junto com o Irã, Coréia do Norte, Miamar, Zimbábue, Cuba e Belarus. Já a Venezuela é mencionada por tolher a liberdade de expressão e pela suposta manipulação do Judiciário pelo Executivo.
Neste ano, 196 países foram avaliados. Ao apresentar o texto, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, citou-o como parâmetro para as relações internacionais. "O modo como um país trata seu povo é um forte indício de como vai se comportar com os vizinhos."


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