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RELATÓRIO
Governo critica aliados
EUA admitem falhas em direitos humanos
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Pela primeira vez no relatório
anual do Departamento de Estado americano sobre direitos humanos, os EUA admitiram que
também falham em cumpri-los.
Sob uma tempestade de críticas
contra a manutenção de prisioneiros não indiciados em sua base
militar em Guantánamo (Cuba) e
as transferências não autorizadas
de suspeitos de terrorismo para
países onde há tortura, os EUA fizeram uma automenção no relatório anual -ainda que sutil.
O documento publicado ontem
pelo Departamento de Estado
afirma que o país vê que "sua própria jornada em direção à liberdade e à Justiça tem sido longa e difícil" e "está longe de acabar".
O relatório ainda cita abusos generalizados nos dois países onde
os EUA, após invadir, ajudaram a
instaurar um governo sob sua tutela recentemente, o Afeganistão e
o Iraque. Sobre este último, o documento ressalta que a capacidade do governo de assegurar os direitos humanos no país foi seriamente prejudicada pelos ataques
de insurgentes e pelo terrorismo,
que desde a queda de Saddam
Hussein, há três anos, afeta a vida
cotidiana da população.
Outros aliados importantes dos
EUA, cujos governos recebem
apoio político e doações de Washington, também são mencionados. É o caso do Egito, da Arábia
Saudita e do Paquistão.
Os dois primeiros são citados
como exemplos de restrições aos
direitos civis e desrespeito às mulheres, e o Paquistão, visitado pelo
presidente George W. Bush na semana passada, como palco de
"matanças", "tortura" e "estupros" praticados "rotineiramente" por suas forças de segurança.
Mas o destaque coube a alvos
comuns de críticas americanas,
como China, Cuba e Venezuela.
O relatório caracteriza a China
como um dos sete países que
"mais sistematicamente" violam
os direitos humanos no mundo,
junto com o Irã, Coréia do Norte,
Miamar, Zimbábue, Cuba e Belarus. Já a Venezuela é mencionada
por tolher a liberdade de expressão e pela suposta manipulação
do Judiciário pelo Executivo.
Neste ano, 196 países foram avaliados. Ao apresentar o texto, a secretária de Estado, Condoleezza
Rice, citou-o como parâmetro para as relações internacionais. "O
modo como um país trata seu povo é um forte indício de como vai
se comportar com os vizinhos."
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