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Policiais cercam Congresso do Equador
Governo autorizou medida para impedir a entrada de 57 congressistas destituídos pelo Tribunal Supremo Eleitoral
Deputados, que tentam
impedir convocação da
consulta popular sobre
Constituinte, afirmam que
decisão é "inconstitucional"
DA REDAÇÃO
Cerca de 350 policiais equatorianos cercaram ontem a sede do Congresso para evitar a
entrada dos 57 deputados destituídos na quarta-feira pelo
Tribunal Supremo Eleitoral
(TSE), por tentarem impedir
um referendo sobre a convocação de uma Constituinte.
Diante da destituição dos
congressistas, o presidente Rafael Correa proclamou a vitória
sobre a oposição. "Façam o que
fizerem, a consulta popular e a
Constituinte são irreversíveis."
O referendo foi uma das principais promessas de campanha
de Correa que, ao tomar posse
em janeiro, tornou-se o oitavo
presidente do Equador em dez
anos. A consulta popular é
apoiada por 87% da população.
Os deputados foram destituídos após terem votado, na terça-feira, a substituição do presidente do TSE, Jorge Acosta,
em represália à convocação do
plebiscito para o dia 15 de abril.
Pela lei, eles podem ser substituídos pelos suplentes.
Os deputados afirmam que o
TSE aprovou a consulta popular sem que um novo estatuto
do governo tenha passado pelo
Parlamento. A oposição teme
que uma Constituinte dotada
de plenos poderes dissolva o
Congresso. Já Acosta acusa os
deputados de tentarem "desarticular o TSE e impedir a realização da consulta".
Os congressistas -que pertencem à coalizão de direita e
se opõem a Correa- afirmaram
que não acatarão a destituição,
pois ela é "inconstitucional".
O governo, porém, apoiou a
decisão do TSE, afirmando que
ela é legal e constitucional, visto que, segundo a lei do Equador, durante um processo eleitoral, o TSE se torna a instância
judicial máxima do país.
De acordo com essa lei, o TSE
pode destituir funcionários públicos acusados de tentar obstruir um processo eleitoral.
Mas, segundo o analista constitucional Pablo Guerrero, o órgão não tem poder para destituir representantes eleitos
-caso dos deputados.
"Não atuamos contra a lei,
nós a aplicamos", disse o conselheiro do TSE René Maugé.
No entanto, a mesma Constituição diz que o Legislativo, que
escolhe os representantes do
órgão eleitoral, tem o poder de
destituí-los caso haja infração.
"O presidente Correa violou
a Constituição, o Congresso
violou e o Tribunal Supremo
Eleitoral também. Ninguém
respeita a lei", disse o deputado
de oposição Carlos Larreategui.
Ontem, a sessão do Congresso foi suspensa por falta de quórum. No total, são necessários
51 dos 100 deputados para que
a casa possa funcionar, mas só
28 compareceram.
Também ontem, o Tribunal
Constitucional aceitou o pedido de análise de inconstitucionalidade do referendo feito pelo Congresso. O estudo só deve
começar no dia 13 de março e
leva 45 dias para ser concluído,
ou seja, a resposta só viria depois de 15 de abril.
Dezenas de manifestantes se
concentraram na frente do edifício para apoiar a destituição
dos deputados e a pedir a implementação de uma Constituinte de plenos poderes.
Alguns deles agrediram o deputado Oswaldo Flores, perto
do Congresso. Uma mulher foi
atropelada pelo veículo de outro congressista atacado.
Histórico
Em fevereiro, o Congresso
autorizou a realização do referendo para a convocação da
Constituinte, mas decidiu que a
mesma não poderia revogar o
mandato dos deputados -que
fazem oposição ao presidente
esquerdista. O partido de Correa, Aliança País, não apresentou candidatos ao Legislativo
nas eleições de 2006.
Depois de 15 dias, o governo
apresentou um novo estatuto
sobre a Constituinte, deixando
aberta a possibilidade de destituir tanto os legisladores quanto o presidente.
Com agências internacionais
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