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China estuda lei que protege a propriedade privada
Texto defendido por vice-presidente do Parlamento toma a defesa dos camponeses expropriados para a instalação de indústrias
Michael Reynolds/Efe
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Operário em construção em Pequim; lei favorecerá expansão de empreendimentos imobiliários |
DA REDAÇÃO
O Parlamento chinês iniciou
ontem a discussão de projeto
que protege a propriedade privada, numa nova e aparente
ruptura com os dogmas do comunismo. Em verdade, no entanto, o texto protegerá proprietários rurais contra a expropriação de suas terras para a
instalação de zonas industriais.
O jornal britânico "Independent" relata que 200 mil hectares são anualmente tomados de
agricultores, o que tem sido um
permanente foco de corrupção,
tensões e protestos.
O projeto foi apresentado
por Wang Zhaoguo, vice-presidente do Congresso Nacional
do Povo, nome do Parlamento,
e integrante do poderoso Politburo do Partido Comunista.
Wang afirmou em discurso
aos 2.835 deputados que o texto é necessário para "salvaguardar os interesses imediatos das
pessoas" naquilo que os chineses eufemisticamente hoje chamam de "economia socialista
de mercado".
Disse também que, "conforme o padrão de vida dos chineses foi crescendo, tornou-se urgente proteger a propriedade
obtida com muito trabalho".
O texto, com 250 artigos e 40
páginas, será votado no próximo dia 16. Desta vez tem chances de ser aprovado, contrariamente ao que aconteceu em
seis tentativas anteriores.
Propriedade urbana
Além da proteção de camponeses cujas terras são tomadas
por funcionários por vezes
inescrupulosos -eles são em
geral sócios de empreendimentos-, o projeto beneficia os
imóveis urbanos surgidos desde 1993, com o início do boom
da construção civil.
Nesses 14 anos a economia
chinesa cresceu 600%, e a renda média da população das cidades, 500%.
O crescimento vertiginoso
desestabilizou a propriedade
urbana. Casas foram desapropriadas aos milhares porque
autoridades locais acreditavam
que seus terrenos teriam um
destino coletivo melhor caso
abrigassem prédios de apartamento ou shopping centers.
O "Financial Times" diz que,
mesmo se aprovado, o projeto
só será respeitado nas áreas rurais se houver alguma forma de
coerção vigorosa, comandada
pelo governo central.
Também diz que, em cidades
como Xangai, de 70% a 80% das
moradias já são propriedades
privadas. Com as novas garantias a serem dadas a seus proprietários, elas serão revendidas com facilidade, o que de
certo modo favorece grandes
empreendimentos imobiliários, comandados pelos bancos.
Nas tramitações anteriores,
projetos sobre a propriedade
foram derrotados por uma
aliança implícita entre comunistas ortodoxos e deputados
que temiam que a nova lei fosse
o pretexto para a privatização
de bens estatais.
No ano passado, projeto semelhante chegou a ser emendado sete vezes por uma comissão técnica, antes de ser arquivado com um parecer que o
acusava de aumentar as desigualdades sociais.
Desta vez, a justificativa do
projeto procura resguardar ortodoxos e descontentes. Reitera que o Estado ainda é o maior
proprietário de terras, mas admite que a propriedade privada
"tem crescido a cada dia" e que
"sua proteção é urgente", para
o interesse dos chineses.
Imposto das empresas
O Parlamento chinês também deverá aprovar a taxação
em 25% do lucro de todas as
empresas. As empresas estrangeiras pagavam 15%, enquanto
a alíquota das chinesas chegava
até a 33%. O texto procura dar a
todas elas condições idênticas
de concorrência no mercado.
Com agências internacionais
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