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Correa quer prazo para reatar com Uribe
Presidente equatoriano afirma que será difícil restaurar confiança em governo colombiano após ação em seu território
Mandatário defendeu ainda em Quito organização de países latino-americanos; líder da Colômbia pede oração pela paz regional
ADRIANA KÜCHLER
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
Apesar de ter afirmado anteontem que aceitava as desculpas apresentadas pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, o líder equatoriano Rafael
Correa afirmou ontem que "será muito difícil restaurar a confiança" em Bogotá e que a retomada das relações entre os dois
países deve demorar.
Na sexta-feira, Correa e Uribe apertaram as mãos no encerramento da cúpula dos países do Grupo do Rio na República Dominicana, aparentemente encerrando a crise diplomática iniciada pela operação militar colombiana no território do Equador que matou o
número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Raúl Reyes no dia 1º
de março.
Em seu programa de rádio
semanal, o presidente equatoriano afirmou que a relação entre os dois países ainda não deve voltar ao normal. "Para a retomada das relações, vamos
conversar, vamos fazer um cronograma. Levará, no entanto,
um pouco de tempo", disse
Correa, explicando que o cronograma será estabelecido junto com a Venezuela, que também rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.
Correa ainda apoiou a criação de uma organização de estados latino-americanos, baseada no Grupo do Rio. Segundo ele, os EUA são um empecilho para a resolução de problemas da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Apesar de a crise ter sido formalmente encerrada, Correa
recebe hoje em Quito a comissão da OEA criada antes da reunião do Grupo do Rio para ajudar a resolver o conflito. O grupo, formado pelo secretário-geral da OEA e cinco embaixadores da organização, entre eles o
do Brasil, viaja na segunda ao
local da fronteira onde aconteceu o ataque e no fim do dia
parte para a Colômbia.
"As coisas ainda não terminaram", disse à Folha o embaixador do Brasil na OEA, Osmar
Chohfi. "Vamos ouvir as versões dos dois lados e elaborar
um relatório que deve ajudar a
superar o problema."
O relatório será apresentado
no dia 17 numa reunião dos ministros das relações exteriores
dos países que formam a OEA.
Oração pela harmonia
Enquanto o presidente equatoriano discursava sobre a dificuldade em reatar com a Colômbia, Álvaro Uribe convocou
uma oração pela harmonia entre os países durante encontro
semanal que promove com líderes regionais.
Já o presidente Hugo Chávez
viajou para Havana após o fim
da cúpula de Santo Domingo
em sua primeira visita oficial ao
dirigente cubano Raúl Castro,
irmão de Fidel Castro.
Em artigo publicado no jornal oficial "Granma", Fidel afirmou que acompanhou a reunião do Grupo do Rio pela televisão "sem perder um segundo"
e que os Estados Unidos foram
os "únicos perdedores" na crise. Ao voltar a Caracas, Chávez
disse que se reuniu com Fidel e
que ele estava "eufórico".
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