São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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O ADVERSÁRIO
Candidato tem surpreendente crescimento nas pesquisas
Opositor Alejandro Toledo posa de herdeiro do Império Inca

do enviado especial

Principal adversário de Alberto Fujimori na disputa pela Presidência do Peru, Alejandro Toledo, 54, pode seguir uma rota parecida com a que teve seu oponente no início dos anos 90.
Assim como Fujimori no começo de sua carreira, Toledo é professor, não tem experiência em cargos do Executivo, tinha pouca projeção no cenário político nacional até agora e não conta com uma base partidária sólida.
Também ao exemplo do atual presidente, Toledo - ex-engraxate e ex-economista do Banco Mundial- lançou-se à carreira política embalado por um discurso demagógico e farto uso de palavrões.
Em 95, candidatou-se à Presidência pela primeira vez, mas obteve somente 3,3% dos votos. Depois, desapareceu do cenário político por cinco anos. No ano passado, voltou a frequentar o debate político.
Conhecido popularmente como "El Cholo" (uma referência às suas origens indígenas), tenta vender a imagem de herdeiro dos grandes imperadores incas que dominaram os Andes do século 12 ao século 16, antes da chegada dos espanhóis à região.
Escolheu para o último comício de campanha a cidade de Cuzco, capital do Império Inca.
"Aqui, num lugar secreto, pedi a Pacha Mama (um dos mais famosos chefes incas) que me dê forças para dar minha vida para que o povo pobre tenha sua vez, caralho!", disse no discurso voltado para um eleitoral formado predominantemente por descendentes de índios.
Formado em economia pela Universidade de Stanford (EUA), escolheu o combate ao desemprego como sua principal bandeira, prometendo criar 500 mil postos de trabalho (equivalente a 2% da população).
Toledo virou a estrela política da campanha da noite para o dia, ao sair da quarta colocação nas pesquisas, quando tinha menos de 6% das intenções de voto, até atingir 34%, encostando em Fujimori, que antes seguia isolado em primeiro lugar.
A candidatura de Toledo tomou ares de resistência ao governo autoritário do presidente Fujimori e ganhou adeptos dentro e fora do país.
Caso seja eleito, porém, seu plano de governo prevê a manutenção do sistema econômico adotado por Fujimori, com prioridade para captação de investimentos estrangeiros e abertura da economia.
Promete baixar, contudo, de 18% para 16% o imposto sobre consumo, medida que seria compensada pelo aumento da base de contribuintes.
A disparada nas pesquisas despertou a ira dos aliados de Fujimori e uma onda de denúncias. Numa delas, foi acusado de ser o pai de uma menina de 12 anos, a qual não teria reconhecido legalmente. Toledo negou o fato, dizendo que fora inocentado pela Justiça no passado.
Candidato pelo partido Peru Possível, Toledo terminou a campanha se desentendendo com a missão observadora da OEA (Organização dos Estados Americanos), que denunciou fraudes na campanha, mas se recusou a considerar nula a disputa.
"Se a missão da OEA pretende legitimar um processo fraudulento, é melhor que se retire do país antes de 9 de abril", disse durante uma entrevista.


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