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O ADVERSÁRIO
Candidato tem surpreendente crescimento nas pesquisas
Opositor Alejandro Toledo posa de herdeiro do Império Inca
do enviado especial
Principal adversário de Alberto Fujimori na disputa pela Presidência do Peru, Alejandro Toledo, 54, pode seguir uma rota
parecida com a que teve seu
oponente no início dos anos 90.
Assim como Fujimori no começo de sua carreira, Toledo é
professor, não tem experiência
em cargos do Executivo, tinha
pouca projeção no cenário político nacional até agora e não
conta com uma base partidária
sólida.
Também ao exemplo do atual
presidente, Toledo - ex-engraxate e ex-economista do Banco
Mundial- lançou-se à carreira
política embalado por um discurso demagógico e farto uso de
palavrões.
Em 95, candidatou-se à Presidência pela primeira vez, mas
obteve somente 3,3% dos votos.
Depois, desapareceu do cenário
político por cinco anos. No ano
passado, voltou a frequentar o
debate político.
Conhecido popularmente como "El Cholo" (uma referência
às suas origens indígenas), tenta
vender a imagem de herdeiro
dos grandes imperadores incas
que dominaram os Andes do século 12 ao século 16, antes da
chegada dos espanhóis à região.
Escolheu para o último comício de campanha a cidade de
Cuzco, capital do Império Inca.
"Aqui, num lugar secreto, pedi a Pacha Mama (um dos mais
famosos chefes incas) que me dê
forças para dar minha vida para
que o povo pobre tenha sua vez,
caralho!", disse no discurso voltado para um eleitoral formado
predominantemente por descendentes de índios.
Formado em economia pela
Universidade de Stanford
(EUA), escolheu o combate ao
desemprego como sua principal
bandeira, prometendo criar 500
mil postos de trabalho (equivalente a 2% da população).
Toledo virou a estrela política
da campanha da noite para o
dia, ao sair da quarta colocação
nas pesquisas, quando tinha
menos de 6% das intenções de
voto, até atingir 34%, encostando em Fujimori, que antes seguia isolado em primeiro lugar.
A candidatura de Toledo tomou ares de resistência ao governo autoritário do presidente
Fujimori e ganhou adeptos dentro e fora do país.
Caso seja eleito, porém, seu
plano de governo prevê a manutenção do sistema econômico
adotado por Fujimori, com
prioridade para captação de investimentos estrangeiros e
abertura da economia.
Promete baixar, contudo, de
18% para 16% o imposto sobre
consumo, medida que seria
compensada pelo aumento da
base de contribuintes.
A disparada nas pesquisas
despertou a ira dos aliados de
Fujimori e uma onda de denúncias. Numa delas, foi acusado de
ser o pai de uma menina de 12
anos, a qual não teria reconhecido legalmente. Toledo negou o
fato, dizendo que fora inocentado pela Justiça no passado.
Candidato pelo partido Peru
Possível, Toledo terminou a
campanha se desentendendo
com a missão observadora da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), que denunciou
fraudes na campanha, mas se
recusou a considerar nula a disputa.
"Se a missão da OEA pretende
legitimar um processo fraudulento, é melhor que se retire do
país antes de 9 de abril", disse
durante uma entrevista.
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