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Seqüestro de estrangeiros é nova arma da insurgência
DA REDAÇÃO
Insurgentes iraquianos seqüestraram em ações separadas 14 estrangeiros -oito sul-coreanos,
três japoneses, dois palestinos e
um canadense. Os sul-coreanos
foram libertados ontem poucas
horas depois de terem sido detidos, mas os japoneses estão sob a
ameaça de morte caso Tóquio não
retire suas tropas do Iraque.
"Três de seus filhos caíram em
nossas mãos. Oferecemos a vocês
duas opções: ou vocês retiram
suas forças ou nós os queimaremos vivos e alimentaremos os
guerreiros com eles. Damos a vocês três dias, a partir da exibição
desta fita", afirma o comunicado
encontrado junto com a gravação
das Brigadas Mujahideen.
Os seqüestrados são Noriaki
Imai (nascido em 1985), Soichiro
Koriyama, 32, e Nahoko Takato,
34. Segundo a rede japonesa de
TV NHK, Imai estava fazendo
pesquisas sobre armas proibidas,
Koriyama é um cinegrafista free-lancer, e Takato, a única mulher, é
assistente social.
Segundo jornalistas da Al Jazira,
os três japoneses foram capturados no sul do Iraque. Não está claro quem são os seqüestradores,
mas, no vídeo, aparecem quatro
homens mascarados vestindo
roupas pretas, semelhantes às
usadas pelos milicianos xiitas que
iniciaram levante nesta semana
em cidades do sul do país.
As imagens mostram os seqüestradores com armas automáticas
e colocando facas e espadas na
garganta e no peito dos cativos.
Em determinado momento, um
seqüestrador coloca uma faca na
garganta de um dos homens. Em
pânico, com os olhos arregalados,
ele tenta se esquivar.
É o primeiro ultimato desse tipo
envolvendo civis estrangeiros no
Iraque, o que sugere a adoção de
uma nova tática dos insurgentes
para pressionar os governos que
se juntaram aos Estados Unidos
na ocupação. Seqüestros semelhantes foram feitos durante a
Guerra do Golfo (1991).
O Japão anunciou não ter planos de fazer uma retirada. "O povo do Iraque não quer que o Japão
saia. Não há motivo para que eles
partam", disse Tetsuzo Fuyushiba, político que faz parte da base
governamental. O país tem cerca
de 530 militares em Samawa (sul)
trabalhando em tarefas relacionadas à reconstrução. Nenhum soldado japonês deu um tiro em batalha ou foi morto em combate
desde o término da Segunda
Guerra, em 1945. Críticos da decisão do premiê Junichiro Koizumi
de apoiar militarmente os EUA
afirmam que o envio das tropas
fere a Constituição do país. Os
acontecimentos no Iraque poderão prejudicar o apoio ao governo
de Koizumi, que enfrentará eleições parlamentares em julho.
O vice-presidente dos EUA,
Dick Cheney, viaja hoje para a
Ásia. Segundo uma fonte do governo americano, em seus encontros com autoridades japonesas e
sul-coreanas, Cheney dirá aos
aliados que "é muito importante
manter-se no curso".
Outros seqüestros
Oito sul-coreanos -missionários presbiterianos- foram seqüestrados quando viajavam de
Amã (Jordânia) para Bagdá em
dois carros. "A princípio, ficamos
com medo do que pudesse acontecer. Senti uma imensa distância
entre nossa cultura e a deles", disse o pastor Lim Young-sup.
Uma das mulheres conseguiu
fugir. Os demais passaram a receber ameaças de morte. Após convencerem os seqüestradores de
que não eram espiões da CIA, os
sul-coreanos foram libertados.
A imprensa israelense anunciou
que os dois palestinos aprisionados em outro seqüestro são moradores de Jerusalém. De acordo
com a televisão iraniana, os dois
têm identidades expedidas em Israel e estariam espionando para o
país, segundo seus captores iraquianos.
O governo do Canadá informou
que o canadense Fadhi Ihsan Fadel, que trabalha para uma agência humanitária, foi seqüestrado
na manhã de anteontem. O Reino
Unido também anunciou que o
civil britânico Gary Teeley está
desaparecido desde segunda-feira. Acredita-se que Teeley, 37,
prestador de serviço em uma base
aérea americana, também possa
estar seqüestrado.
Com agências internacionais
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