São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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Seqüestro de estrangeiros é nova arma da insurgência

DA REDAÇÃO

Insurgentes iraquianos seqüestraram em ações separadas 14 estrangeiros -oito sul-coreanos, três japoneses, dois palestinos e um canadense. Os sul-coreanos foram libertados ontem poucas horas depois de terem sido detidos, mas os japoneses estão sob a ameaça de morte caso Tóquio não retire suas tropas do Iraque.
"Três de seus filhos caíram em nossas mãos. Oferecemos a vocês duas opções: ou vocês retiram suas forças ou nós os queimaremos vivos e alimentaremos os guerreiros com eles. Damos a vocês três dias, a partir da exibição desta fita", afirma o comunicado encontrado junto com a gravação das Brigadas Mujahideen.
Os seqüestrados são Noriaki Imai (nascido em 1985), Soichiro Koriyama, 32, e Nahoko Takato, 34. Segundo a rede japonesa de TV NHK, Imai estava fazendo pesquisas sobre armas proibidas, Koriyama é um cinegrafista free-lancer, e Takato, a única mulher, é assistente social.
Segundo jornalistas da Al Jazira, os três japoneses foram capturados no sul do Iraque. Não está claro quem são os seqüestradores, mas, no vídeo, aparecem quatro homens mascarados vestindo roupas pretas, semelhantes às usadas pelos milicianos xiitas que iniciaram levante nesta semana em cidades do sul do país.
As imagens mostram os seqüestradores com armas automáticas e colocando facas e espadas na garganta e no peito dos cativos.
Em determinado momento, um seqüestrador coloca uma faca na garganta de um dos homens. Em pânico, com os olhos arregalados, ele tenta se esquivar.
É o primeiro ultimato desse tipo envolvendo civis estrangeiros no Iraque, o que sugere a adoção de uma nova tática dos insurgentes para pressionar os governos que se juntaram aos Estados Unidos na ocupação. Seqüestros semelhantes foram feitos durante a Guerra do Golfo (1991).
O Japão anunciou não ter planos de fazer uma retirada. "O povo do Iraque não quer que o Japão saia. Não há motivo para que eles partam", disse Tetsuzo Fuyushiba, político que faz parte da base governamental. O país tem cerca de 530 militares em Samawa (sul) trabalhando em tarefas relacionadas à reconstrução. Nenhum soldado japonês deu um tiro em batalha ou foi morto em combate desde o término da Segunda Guerra, em 1945. Críticos da decisão do premiê Junichiro Koizumi de apoiar militarmente os EUA afirmam que o envio das tropas fere a Constituição do país. Os acontecimentos no Iraque poderão prejudicar o apoio ao governo de Koizumi, que enfrentará eleições parlamentares em julho.
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, viaja hoje para a Ásia. Segundo uma fonte do governo americano, em seus encontros com autoridades japonesas e sul-coreanas, Cheney dirá aos aliados que "é muito importante manter-se no curso".

Outros seqüestros
Oito sul-coreanos -missionários presbiterianos- foram seqüestrados quando viajavam de Amã (Jordânia) para Bagdá em dois carros. "A princípio, ficamos com medo do que pudesse acontecer. Senti uma imensa distância entre nossa cultura e a deles", disse o pastor Lim Young-sup.
Uma das mulheres conseguiu fugir. Os demais passaram a receber ameaças de morte. Após convencerem os seqüestradores de que não eram espiões da CIA, os sul-coreanos foram libertados.
A imprensa israelense anunciou que os dois palestinos aprisionados em outro seqüestro são moradores de Jerusalém. De acordo com a televisão iraniana, os dois têm identidades expedidas em Israel e estariam espionando para o país, segundo seus captores iraquianos.
O governo do Canadá informou que o canadense Fadhi Ihsan Fadel, que trabalha para uma agência humanitária, foi seqüestrado na manhã de anteontem. O Reino Unido também anunciou que o civil britânico Gary Teeley está desaparecido desde segunda-feira. Acredita-se que Teeley, 37, prestador de serviço em uma base aérea americana, também possa estar seqüestrado.


Com agências internacionais



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