RICARDO FELTRIN
ENVIADO ESPECIAL DA FOLHA ONLINE A ROMA

Com todas as ruas fechadas para o trânsito de carros, milhares de peregrinos começaram a deixar Roma ontem após a missa póstuma em homenagem ao papa João Paulo 2º.
A polícia italiana montou um esquema especial para facilitar o fluxo de fiéis que lotaram as principais avenidas no entorno do Vaticano. As pontes que davam acesso ao centro de Roma foram tomadas pelos peregrinos, que caminharam em direção às saídas da cidade, às estações de metrô, de trem e ao aeroporto.
Em todo o trajeto, grupos imensos de fiéis pararam em praças como a Navona, onde fica a embaixada brasileira. Elas se tornaram pontos para almoço e para descanso antes dos peregrinos seguirem para as suas cidades.
Com exceção de restaurantes e bares, a maioria do comércio de Roma permaneceu fechado durante todo o dia de ontem.
A prefeitura de Roma reforçou o transporte público e aumentou o número de ônibus e de trens- especialmente na linha A, Batistini, usada pelos que querem chegar ao Vaticano.

Turismo
Os menos apressados, porém, aproveitaram para fazer um pouco de turismo. Carregando mochilas enormes, malas, além de câmeras fotográficas a tiracolo, vários fiéis fizeram fila na praça Navona, Fontana di Trevi, Coliseu e catedral de Sant'Angelo.
O advogado Ricardo Leone, 59, e sua mulher Paula, 63, ambos aposentados, saíram de Veneza para assistir à cerimônia. Às 15h (10h de Brasília), estavam diante da igreja S. Luigi dei Francesi, onde há quadros pintados por Caravaggio (1573-1610).
A viagem para participar da cerimônia foi também para muitos a primeira visita a Roma.
As polonesas Anna Meissner, 24, e Teresa Trompeta, 27, viajaram 24 horas desde a cidade de Katowice, passaram seis horas na fila e, após a missa, foram passear pela cidade. "Talvez a gente não tenha mais a chance de voltar", disse Trompeta, que é secretária.
Carmelo Lopreste, 20, estudante, escoteiro, veio de Ragussa, na Sicília, assistiu emocionado à missa e depois seguiu com sua amiga Aleccia Pulviranti, 21, em direção ao castelo Sant'Angelo. "Estamos aqui há dois dias e só agora deu tempo de conhecer o castelo", comentou.
Por volta das 17h (12h de Brasília), o turismo foi prejudicado por uma insistente chuva que seguiu sete dias de sol e temperaturas na faixa dos 18ºC, durante o dia.

1,4 milhão de fiéis
O Ministério do Interior da Itália declarou que 1,4 milhão de peregrinos visitaram o corpo de João Paulo 2º nos quatro dias de velório, depois de terem esperado em média por 13 horas em fila.
Segundo o ministro Giuseppe Pisanu, 21 mil pessoas por hora passaram pelo corpo do pontífice, ou 350 por minuto. Na praça São Pedro e imediações, disse, 250 mil fiéis assistiram ao funeral.
Pisanu não fez estimativa do total de visitantes recebidos por Roma, mas a polícia calculou o número em "cerca de 4 milhões", segundo agências de notícias.
Leia mais sobre a cobertura da morte do papa e ouça o relato do enviado da Folha Online a Roma na www.folha.com.br


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