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Venda de entrevistas por ex-prisioneiros é criticada
Marinheiros britânicos presos 13 dias no Irã são autorizados a cobrar da mídia
Autorização foi dada pelo
Ministério da Defesa; única
mulher do grupo irá cobrar
de R$ 400 a R$ 600 mil para
falar a um jornal e a uma TV
DA REDAÇÃO
Foi recebida no Reino Unido
com uma enxurrada de críticas
a decisão do Ministério da Defesa, tomada sábado, de permitir que os 15 marinheiros libertados na quarta-feira pelo Irã
vendam seus depoimentos a
jornais e redes de TV.
Max Clifford, um agente de
celebridades, diz ter sido contatado por familiares de dois ex-prisioneiros e calcula que as entrevistas renderão 500 mil libras esterlinas (R$ 4 milhões).
A mais beneficiada será Faye
Turney, a única mulher do grupo, que assinou contratos para
entrevistas com o jornal "The
Sun" e com a rede ITV por cerca de R$ 400 mil.
O "New York Times" comenta que entrevistas pagas são
normais na mídia britânica,
mas quando se trata apenas de
personalidades civis. Os militares são em geral proibidos de
dar declarações. O ministro da
Defesa, Des Browne, disse que
resolveu abrir uma exceção por
causa do "interesse excepcional" pelo caso e para manter
um certo controle sobre os relatos, uma vez que parentes dos
libertados já estavam recebendo ofertas para falar.
Mas a decisão realimentou as
críticas aos marinheiros, que
vinham sendo acusados de terem sido coniventes com o governo iraniano em suas "confissões" de que estavam em
águas daquele país.
O porta-voz do Partido Conservador, William Haghe, disse
que a venda de entrevistas leva
"à perda da dignidade e do respeito por nossas Forças Armadas". O líder da bancada liberal
democrata, Menzies Campbell,
teme que a operação permita a
divulgação involuntária de informações militares sigilosas.
Os ex-prisioneiros "estão se
comportando como estrelas de
reality show", disse o coronel
Bob Steward, ex-comandante
das forças da ONU na Bósnia.
Ao menos um dos ex-prisioneiros disse que não cobraria
por entrevistas. "Não estou interessado em dinheiro", disse o
tenente Felix Carman.
As críticas ao mercantilismo
do grupo partiu ainda de parentes de alguns dos 140 militares
britânicos mortos no Iraque e
dos 52 mortos no Afeganistão.
"É uma coisa errada, que não
deveria ser permitida", disse
por exemplo Rose Gentle, mãe
de um soldado de 19 anos morto em Basra em 2004.
Os 15 militares foram presos
por um comando iraniano no
golfo Pérsico último dia 23 e libertados na última quarta. Em
Londres, reiteraram a afirmação de que os dois botes que
ocupavam estavam em águas
territoriais do Iraque, onde
cumpriam missão de monitoramento determinada pelo
Conselho de Segurança.
Ainda ontem, relata o "Independent", fragmentos de depoimentos de ex-prisioneiros
indicaram ser possível que o
grupo foi capturado "por ter a
língua muito comprida".
Antes da captura, o capitão
Chris Air deu entrevista ao canal 5 de Londres em que afirmou que a prioridade dos militares era a de patrulhar embarcações do Irã no golfo Pérsico.
A entrevista foi registrada
pelos serviços de inteligência
iranianos e seu conteúdo transformado em peça de acusação
durante os interrogatórios do
grupo em Teerã.
Com agências internacionais
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