São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007

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Observadora de eleições em Timor, brasileira é esfaqueada em assalto

Juíza recebeu cerca de 50 pontos; país elege seu segundo presidente hoje

Antonio Dasiparu/Efe
Xanana Gusmão, atual presidente timorense, aplaude em cerimônia de distribuição de urnas


DA REDAÇÃO

Integrante da missão de observadores brasileiros nas eleições presidenciais em Timor Leste, que acontecem hoje, a juíza Sandra Aparecida Silvestre de Frias Torres foi esfaqueada durante um assalto na capital Dili, na noite de sábado.
Torres foi assaltada quando saiu para comprar cartões telefônicos. "Ela me disse que o assaltante estava com uma catana [faca grande e larga]", contou seu irmão, Carlos Alberto Silvestre, com quem a juíza conversou por telefone.
Torres, 38, recebeu cerca de 50 pontos nas mãos e nos braços, mas passa bem. Ontem, estava se recuperando na casa do embaixador brasileiro em Dili, Antonio de Sousa e Silva. Segundo o embaixador, casos de violência do tipo são raros em Timor e a juíza nunca havia sofrido nada parecido em sua passagem anterior pelo país.
Torres, que é juíza do Tribunal de Justiça de Rondônia, trabalhou em Timor Leste de 2004 até o ano passado. Segundo o TJ, ela foi a primeira juíza brasileira a integrar uma missão da ONU em Timor, com o objetivo de implantar um sistema judiciário no país.
"Ela é apaixonada por Timor, deu aulas no curso de magistratura e chegou a aprender dialetos locais para utilizar em audiências", disse o irmão de Torres, por telefone, de Porto Velho, onde a juíza mora.

A disputa
Não há pesquisas confiáveis para o pleito. Acredita-se que os dois candidatos com mais chances, entre os oito concorrentes, sejam o atual primeiro-ministro e prêmio Nobel da Paz em 1996, José Ramos Horta, 57, e o candidato da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), Francisco Guterres, 53, conhecido como Lu-Olo.
O Timor viveu quatro séculos de colonização portuguesa e 24 anos de ocupação indonésia. A população optou pela independência em plebiscito organizado pela ONU em 1999. A Indonésia reagiu invadindo o país, que então foi administrado pela ONU até 2002.
Em 2006, houve novos conflitos, agora entre facções rivais e grupos étnicos. Pelo menos 21 pessoas morreram e 150 mil deixaram suas casas. A crise culminou na exoneração de 600 soldados que abandonaram seus postos e aderiram ao major rebelde Alfredo Reinado. O conflito só foi apaziguado com a renúncia do então premiê Mari Alkatari, responsável pela expulsão dos militares.
Hoje, Alkatari faz campanha para Lu-Olo, que é nacionalista e de centro-esquerda. Ramos Horta tem o apoio de Xanana Gusmão, atual presidente e o principal líder da luta pela independência.
Com apenas 1 milhão de habitantes, Timor tem 500 mil eleitores inscritos.


Com a Agência Folha


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