São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DO IRAQUE

General pede pausa em redução de tropas

Hillary Clinton e Barack Obama insistem em cronograma de retirada; McCain faz apelo contra prazos "irresponsáveis"

Comandante americano no Iraque diz ao Congresso que situação do país ainda é frágil e pede congelamento de retornos depois de julho

DA REDAÇÃO

Em um pronunciamento sobre a Guerra do Iraque que inflamou a disputa entre democratas e republicanos pela Casa Branca, o general David Petraeus, comandante das tropas americanas no país árabe, recomendou ao Congresso ontem o congelamento do retorno dos soldados dos EUA em campo a partir de julho próximo.
Qualificando de "frágil e reversível" a redução recente da violência no Iraque, o general se recusou a fazer qualquer previsão de um cronograma de retirada de tropas, como querem os pré-candidatos democratas à Presidência, Hillary Clinton e Barack Obama.
De acordo com Petraeus, após a diminuição, até julho, da quantidade de soldados no Iraque a níveis anteriores ao "surge" (elevação do número de tropas) do ano passado, o Exército deve iniciar uma pausa de 45 dias para "consolidação e avaliação" dos esforços. Só depois começaria o "exame das condições em campo para determinar quando será possível recomendar novas reduções".
O depoimento de Petraeus, acompanhado pelo do embaixador americano no Iraque, Ryan Crocker, chega sete meses após a dupla afirmar ao Congresso que os EUA estavam atingindo seus objetivos militares no país árabe devido ao "surge" iniciado em 2007.
Pela estratégia, foram enviados aproximadamente 30 mil soldados extras ao Iraque, elevando o número para cerca de 160 mil. Está planejada a volta de 20 mil militares até julho.

Campanha
O presidente George W. Bush já indicou que pretende seguir as recomendações de Petraeus, que manteriam mais de 100 mil soldados em campo para o próximo governo. Bush deve se pronunciar amanhã.
Durante o depoimento de Petraeus, Hillary, Obama e o republicano John McCain levaram suas campanhas ao Capitólio em questionamentos ao general e ataques a rivais.
McCain, em meio a uma avaliação positiva da guerra, criticou a retomada dos conflitos entre grupos xiitas nas últimas semanas. Mas, em geral, a posição do general o favorece, já que também vem defendendo que a presença das tropas no Iraque deve continuar enquanto não houver estabilidade. A recente melhora nos níveis de violência é apontada como um dos fatores que reavivaram a campanha do republicano.
Hillary, mais incisiva, perguntou a Petraeus "que condições devem existir para um reconhecimento de que a estratégia atual não funciona". A candidata promete, caso eleita, iniciar retirada de tropas 60 dias após tomar posse.
Mas, segundo o jornal "New York Times", os candidatos reservaram os maiores ataques um ao outro. Em alusão aos democratas, McCain iniciou seu discurso repetindo que é preciso rejeitar apelos para "uma retirada irresponsável de nossas forças, logo quando estão sendo bem-sucedidas". "Prometer essa retirada é uma falha de liderança política e moral."
Hillary respondeu: "Acredito que (...) pode muito bem ser irresponsável continuar uma política que não produziu os resultados prometidos".
Barack Obama, também defensor do fim da ação militar no Iraque, disse que um cronograma de retirada é necessário para pressionar o governo iraquiano e defendeu um diálogo com o Irã no marco de um "impulso diplomático" para encerrar o conflito.
Ainda ontem, o embaixador Ryan Crocker afirmou ao Congresso que está sendo negociado um acordo bilateral entre Washington e Bagdá para permitir a manutenção das tropas americanas no Iraque após 31 de dezembro próximo, "sem no entanto deixar de mãos atadas o próximo governo".


Com agências internacionais


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