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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA DO IRAQUE
General pede pausa em redução de tropas
Hillary Clinton e Barack Obama insistem em cronograma de retirada; McCain faz apelo contra prazos "irresponsáveis"
Comandante americano no Iraque diz ao Congresso que situação do país ainda é frágil e pede congelamento de retornos depois de julho
DA REDAÇÃO
Em um pronunciamento sobre a Guerra do Iraque que inflamou a disputa entre democratas e republicanos pela Casa
Branca, o general David Petraeus, comandante das tropas
americanas no país árabe, recomendou ao Congresso ontem o
congelamento do retorno dos
soldados dos EUA em campo a
partir de julho próximo.
Qualificando de "frágil e reversível" a redução recente da
violência no Iraque, o general
se recusou a fazer qualquer
previsão de um cronograma de
retirada de tropas, como querem os pré-candidatos democratas à Presidência, Hillary
Clinton e Barack Obama.
De acordo com Petraeus,
após a diminuição, até julho, da
quantidade de soldados no Iraque a níveis anteriores ao "surge" (elevação do número de
tropas) do ano passado, o Exército deve iniciar uma pausa de
45 dias para "consolidação e
avaliação" dos esforços. Só depois começaria o "exame das
condições em campo para determinar quando será possível
recomendar novas reduções".
O depoimento de Petraeus,
acompanhado pelo do embaixador americano no Iraque,
Ryan Crocker, chega sete meses após a dupla afirmar ao
Congresso que os EUA estavam
atingindo seus objetivos militares no país árabe devido ao
"surge" iniciado em 2007.
Pela estratégia, foram enviados aproximadamente 30 mil
soldados extras ao Iraque, elevando o número para cerca de
160 mil. Está planejada a volta
de 20 mil militares até julho.
Campanha
O presidente George W.
Bush já indicou que pretende
seguir as recomendações de
Petraeus, que manteriam mais
de 100 mil soldados em campo
para o próximo governo. Bush
deve se pronunciar amanhã.
Durante o depoimento de
Petraeus, Hillary, Obama e o
republicano John McCain levaram suas campanhas ao Capitólio em questionamentos ao
general e ataques a rivais.
McCain, em meio a uma avaliação positiva da guerra, criticou a retomada dos conflitos
entre grupos xiitas nas últimas
semanas. Mas, em geral, a posição do general o favorece, já
que também vem defendendo
que a presença das tropas no
Iraque deve continuar enquanto não houver estabilidade. A
recente melhora nos níveis de
violência é apontada como um
dos fatores que reavivaram a
campanha do republicano.
Hillary, mais incisiva, perguntou a Petraeus "que condições devem existir para um reconhecimento de que a estratégia atual não funciona". A candidata promete, caso eleita, iniciar retirada de tropas 60 dias
após tomar posse.
Mas, segundo o jornal "New
York Times", os candidatos reservaram os maiores ataques
um ao outro. Em alusão aos democratas, McCain iniciou seu
discurso repetindo que é preciso rejeitar apelos para "uma retirada irresponsável de nossas
forças, logo quando estão sendo
bem-sucedidas". "Prometer essa retirada é uma falha de liderança política e moral."
Hillary respondeu: "Acredito
que (...) pode muito bem ser irresponsável continuar uma política que não produziu os resultados prometidos".
Barack Obama, também defensor do fim da ação militar no
Iraque, disse que um cronograma de retirada é necessário para pressionar o governo iraquiano e defendeu um diálogo
com o Irã no marco de um "impulso diplomático" para encerrar o conflito.
Ainda ontem, o embaixador
Ryan Crocker afirmou ao Congresso que está sendo negociado um acordo bilateral entre
Washington e Bagdá para permitir a manutenção das tropas
americanas no Iraque após 31
de dezembro próximo, "sem no
entanto deixar de mãos atadas
o próximo governo".
Com agências internacionais
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