DA REDAÇÃO

O clérigo radical xiita Moqtada al Sadr ameaçou ontem romper o frágil cessar-fogo imposto há sete meses a suas milícias. Mas, em termos mais conciliadores, ele cancelou a manifestação em que queria reunir hoje em Bagdá 1 milhão de pessoas, pelo quinto aniversário da invasão americana.
Temendo mesmo assim que os seguidores de Sadr tentem sair às ruas, o governo iraquiano decretou o toque de recolher, entre 5h e meia-noite. Anteontem, o primeiro-ministro Nuri al Maliki ameaçou cassar os direitos políticos de Sadr e evitar que seu grupo apresente candidatos às eleições provinciais caso não se desarme.
Ao aceitar no ano passado o cessar-fogo, o grupo, também chamado Exército do Mehdi, permitiu uma queda sensível da violência interna no Iraque. Essa milícia é particularmente forte em Basra, cidade portuária ao sul, e em Cidade Sadr, região xiita de baixa renda em Bagdá.
Há duas semanas, Maliki determinou uma operação militar de envergadura em Basra contra os milicianos. Em resposta, Sadr passou à ofensiva em Bagdá, lançando morteiros contra instalações militares americanas e contra a Zona Verde, região da capital que abriga ministérios e embaixadas.
Forças do governo, com o apoio de helicópteros americanos, cercaram Cidade Sadr, onde apenas ontem foram mortas 12 pessoas, entre elas 3 crianças.