São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Ação seria resposta ao atentado de anteontem, que matou 15 israelenses; Arafat promete combater terror

Israel prepara retaliação à faixa de Gaza

DA REDAÇÃO

Israel preparava ontem à noite uma possível resposta ao atentado suicida palestino de anteontem, perto de Tel Aviv, que matou 15 israelenses e feriu dezenas. Após o gabinete de segurança aprovar uma retaliação, o Exército começou a concentrar tropas perto da faixa de Gaza, segundo o jornal "Haaretz". Segundo Israel, o terrorista teria vindo de Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, voltou ao país ontem, interrompendo visita aos EUA, para decidir a reação ao atentado. Muitos ministros de direita de seu governo de união nacional defendem uma resposta dura ao ataque e até a expulsão do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, culpado por Israel pelo atentado de anteontem.
Porém, pressionado pelo presidente dos EUA, George W. Bush, Sharon estaria disposto a descartar medidas militares extremas ou a expulsão de Arafat. Membros mais moderados do governo, como o chanceler Shimon Peres (trabalhista), também se opõem a essa hipótese.
Entre as respostas de Israel que seriam debatidas na reunião estavam a reocupação dos territórios palestinos na Cisjordânia e uma ampla operação militar na faixa de Gaza. Uma fonte do Exército israelense confirmou que o alvo mais provável da ação deva ser mesmo a faixa de Gaza.
"Israel não se renderá ao terror. Os que pretendem nos matar acabarão sendo mortos antes", disse Sharon ao deixar os EUA. Foi no momento de seu encontro com Bush que aconteceu o atentado. Os dois afirmaram após a reunião que querem reformas na ANP. Porém divergiram sobre Arafat: Israel quer vê-lo fora das negociações de paz e acha que qualquer diálogo só pode ocorrer após as reformas. Os EUA não as vêem como precondição e aceitam dialogar com Arafat.
Pressionado por Israel e EUA, Arafat disse em árabe na rede de TV palestina ter dado ordens para as suas forças combaterem qualquer operação terrorista contra civis israelenses, realizadas por grupos palestinos. "Reitero o meu compromisso e a minha cooperação com os EUA e com a comunidade internacional na guerra ao terrorismo", disse ele.
Bush disse que a atitude de Arafat foi um "sinal incrivelmente positivo", mas disse que ele deve mostrar ação, não só retórica. Sobre Israel, disse que o país tem soberania para decidir a resposta ao ataque, mas pediu que Sharon "tenha sua visão de paz em mente" ao decidir que reação adotar.
Autoridades palestinas afirmaram que Arafat enfrenta dificuldades para combater o terrorismo, pois a infra-estrutura das forças de segurança palestinas foram destruídas na ofensiva israelense na Cisjordânia, iniciada em 29 de março após série de atentados.
O enviado da União Européia ao Oriente Médio, Miguel Moratinos, disse que a ANP prendeu 14 pessoas suspeitas de envolvimento com o atentado de anteontem.
No encontro com Sharon, Bush anunciou que enviará o diretor da CIA (serviço de inteligência dos EUA), George Tenet, aos territórios palestinos com a função de auxiliar os palestinos a reconstruir seu aparato de segurança.
O premiê britânico, Tony Blair, ofereceu ontem ajuda aos palestinos para combater o terror. "Estamos preparados para trabalhar com a ANP de uma forma que torne possível prover os palestinos do aparato de segurança necessário", afirmou. O ex-presidente dos EUA Bill Clinton também defendeu o envio de forças internacionais para a região.

Hamas
O atentado suicida de anteontem -o primeiro desde 12 de abril- foi reivindicado pelo grupo extremista islâmico Hamas. Um suicida entrou em um clube de bilhar e detonou explosivos presos a seu corpo. O xeque Ahmed Yassin, líder espiritual do Hamas, disse ontem que o grupo irá manter os ataques contra israelenses "enquanto os territórios palestinos estiverem ocupados".
Um palestino se explodiu ontem perto de Haifa, no norte de Israel, sem causar vítimas graves (leia texto na página A16).
Em nova incursão ontem nos territórios palestinos, o Exército de Israel prendeu 29 palestinos em Tulkarem (Cisjordânia), entre eles dois líderes do Hamas.
Ao menos 1.345 palestinos e 473 israelenses morreram na Intifada (levante palestino), iniciada em setembro de 2000.


Com agências internacionais


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