São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

País diz que todos que estão na igreja em Belém podem deixar local, menos os 13 procurados por terrorismo

Israel propõe que só 13 fiquem em igreja

DA REDAÇÃO

Israel propôs ontem que apenas os 13 militantes procurados pelo país permaneçam dentro da igreja da Natividade, em Belém (Cisjordânia), ou então sejam removidos provisoriamente para outro local. Os outros 26 militantes, que serão transferidos para a faixa de Gaza, e outras dezenas de pessoas na igreja poderiam sair.
Autoridades palestinas estavam reunidas ontem com os israelenses para decidir se aceitam ou não a proposta. O impasse com os 13 militantes se deve à negativa de países consultados em acolhê-los.
Israel chegou a afirmar ontem que a Espanha poderia receber parte dos militantes palestinos procurados por Israel, encerrando o impasse iniciado há 37 dias.
Mais tarde, porém, o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, descartou a possibilidade.
Segundo acordo firmado por israelenses e palestinos anteontem, os 13 militantes devem ser exilados. Outros 26 procurados, levados para a faixa de Gaza. Os demais deverão ser soltos.
Até anteontem, o acordo, que teve a mediação dos EUA, do Vaticano e do Reino Unido, estabelecia que os palestinos fossem enviados para a Itália, que rejeitou a proposta, afirmando não ter sido consultada sobre o assunto.
Para o vice-premiê italiano, Gianfranco Fini, a Itália iria correr graves riscos se aceitasse asilar os militantes. "Eu me oponho a recebê-los", disse Fini para o diário italiano "La Stampa", acrescentando que, na sua opinião, eles nunca irão para Itália.
Os 13 militantes afirmaram que a situação na igreja "é muito, muito ruim". "Aceitamos qualquer solução, exceto uma: sermos entregues para Israel", dizem.
Abdullah Daoud, um dos militantes procurados que está dentro da igreja, disse que o grupo concordou em ser exilado na Itália e estava preocupado com a demora para o impasse acabar.
Ao todo, cerca de 150 pessoas, entre militantes armados, clérigos, civis e ativistas estrangeiros permanecem cercados por forças israelenses desde 2 de abril. Os militantes, armados, se refugiaram na igreja após Israel invadir a cidade.
O cerco à igreja, onde, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus, é o último ponto de ocupação israelense dentro das cidades palestinas da Cisjordânia após o encerramento da operação militar na região, iniciada em 29 de março, cujo objetivo, segundo Israel, era "desmantelar uma ampla rede de terror". Israel mantém o cerco às cidades, realizando incursões.
A Jordânia também rejeitou pedido para receber os militantes palestinos. "A posição jordaniana é firme: rejeitamos o princípio da deportação e do deslocamento de cidadãos palestinos para a Jordânia, mesmo temporariamente", disse uma autoridade de Amã.
Das pessoas que se refugiaram na igreja, ao menos 75 já se retiraram. Israel afirma que muitas outras estão sendo obrigadas a permanecer no interior. Todos os que já saíram negaram a afirmação de Israel.
Grupos palestinos, como o Hamas e o próprio Fatah, de Iasser Arafat -que ratificou o acordo-, fizeram fortes críticas ao acerto para encerrar o cerco. Segundo eles, será aberto um grave precedente de aceitação de deportação de militantes.

Jenin
A Assembléia Geral da ONU aprovou ontem resolução, por 74 votos a 4 (54 abstenções), condenando Israel por não ter permitido que missão da entidade investigasse o que aconteceu no campo de refugiados de Jenin, na ofensiva israelense na Cisjordânia.


Com agências internacionais


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