São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Ataque mata 11 franceses, e Paris vê possível implicação da rede terrorista; EUA se oferecem para investigar

Al Qaeda é suspeita de atentado no Paquistão

Reuters
Paquistaneses tiram homem ferido de ônibus atingido em explosão de carro-bomba, em Karachi


DA REDAÇÃO

As autoridades paquistanesas anunciaram ontem a abertura de um inquérito sobre uma "possível implicação" da rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, em um atentado a bomba ocorrido em Karachi (sul), na manhã de ontem (horário local), que matou 11 franceses, dois paquistaneses e o terrorista suicida.
A hipótese do envolvimento da Al Qaeda também foi veiculada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da França, Jean-Pierre Kelche, que mencionou uma "probabilidade não negligenciável" de que a rede tivesse ligação com o atentado.
Os franceses mortos no ataque eram especialistas em construção naval. O ônibus em que eles se encontravam estava parado em frente ao hotel em que eles estavam hospedados no momento em que um carro-bomba explodiu perto do local. Eles estavam prontos para partir para o estaleiro em que trabalhavam. Os franceses fornecem ajuda técnica aos paquistaneses. Ela é relacionada à construção de submarinos.
O governo francês pediu ontem ao governo paquistanês que faça tudo o que estiver a seu alcance para encontrar e punir todos os envolvidos no planejamento do atentado. Ademais, também pediu que os cidadãos franceses que se encontram no país recebam atenção especial no que diz respeito à segurança.
Os EUA condenaram o atentado e o classificaram de "duro golpe" em dois de seus maiores aliados na guerra ao terrorismo global. "Condenamos totalmente esse ataque hediondo contra a França e contra o Paquistão, dois de nossos maiores aliados no combate ao terrorismo", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado. Embora tenha criticado algumas de suas ações, a França mantém seu apoio a Washington.

11 de setembro
O porta-voz afirmou ainda que os EUA estão dispostos a ajudar as autoridades paquistanesas a investigar o ocorrido. Desde 11 de setembro último, quando foram realizados os ataques suicidas ao World Trade Center e ao Pentágono, nos EUA, Islamabad tem cooperado com Washington em sua campanha contra militantes da Al Qaeda que operam em território paquistanês.
O ministro do Interior do Paquistão, Muineddin Haider, está em Washington nesta semana para planejar operações de contraterrorismo com Rand Beers, subsecretário de Estado, e com Frank Taylor, coordenador de atividades de contraterrorismo.
Essa estreita colaboração entre as autoridades americanas e as paquistanesas tem provocado tensão entre grupos religiosos radicais paquistaneses e o governo do país. Em janeiro passado, Musharraf proibiu as atividades do Jaish-e-Mohammad e de outros quatro grupos extremistas considerados responsáveis por atos terroristas pelo governo americano. Além disso, a polícia paquistanesa deteve dezenas de suspeitos de envolvimento com grupos terroristas.
Ademais, na semana passada, Musharraf conseguiu uma vitória esmagadora num plebiscito sobre sua permanência no poder por mais cinco anos, mas seu triunfo foi contestado por acusações de fraude eleitoral.
Funcionários eleitorais disseram que Musharraf ganhara com mais de 97% dos votos a seu favor e que o índice de comparecimento dos eleitores às urnas tinha superado os 70%. A oposição afirma que o número real de pessoas que votaram foi muito menor.

Com agências internacionais


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