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Dossiê revela fraqueza de Arafat
ROBERT FISK
DO "THE INDEPENDENT" EM RAMALLAH
O chamado "Livro do Terror"
de Israel, criado para provar que
Iasser Arafat está envolvido em
ataques suicidas e apresentado ao
presidente George W. Bush pelo
premiê Ariel Sharon, está repleto
de erros e omissões deliberadas.
Em alguns casos, traduções de
documentos palestinos supostamente apreendidos pelas tropas
israelenses na Cisjordânia foram
maquiadas para "provar" a responsabilidade de Arafat em ataques contra Israel.
A intenção de Sharon é mostrar
com o dossiê que o líder palestino
é um mestre do terror, um chefe
guerreiro do mal patrocinado por
Irã e Arábia Saudita. Na verdade,
eles são um retrato da impotência
de Arafat. Pintam um quadro vívido da sua perda de poder na comunidade palestina nos últimos
12 meses, da corrupção entre seus
subordinados e do recrutamento
de seus homens pelo Hamas e pelo Jihad Islâmico.
Uma leitura dos textos em árabe
sugere que Israel combate homens que há muito escaparam do
controle de Arafat, possuem mais
recursos financeiros que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e
cujas ações podem apenas ocasionalmente ser evitadas pelos agentes ainda leais a Arafat.
Um caso típico é o de Mahmoud
Freih, 17, estudante de Tulkarem.
Relatório do Escritório de Segurança Preventiva de Arafat informou que Freih era originalmente
da Frente Democrática (grupo
marxista pró-Arafat), mas havia
entrado para o Jihad.
Os homens de Arafat planejavam interrogá-lo sobre a sua deserção. Na época, ele planejava
colocar uma mina terrestre improvisada em estrada usada por
tanques israelenses perto de
Shweikeh. O ataque foi cancelado
devido à presença de soldados.
Ele, então, colocou uma bomba
e conectou um de seus fios a uma
árvore nas proximidades. Quando voltou ao local, percebeu que o
pavio havia sido cortado. Um especialista em explosivos da ANP e
outro agente o esperavam. Ele
confessou sua atividades e foi depois libertado sob a condição de
passar a atuar em favor da ANP.
A história de como um jovem
de idade escolar entrou para o Jihad Islâmico e tentava destruir
tanques israelenses após as aulas
revela uma face da militância dos
jovens palestinos. Mas o relato
apresentado por Israel afirma
apenas que ele colocou explosivos
na estrada usada pelos tanques,
foi preso pela ANP e solto após
concordar em se juntar ao time de
Arafat. Exclui todas as referências
ao papel da ANP evitando o atentado contra os israelenses. A íntegra do texto mostra que os homens de Arafat fizeram exatamente aquilo que Israel deseja:
impediram um ataque e convenceram o garoto a mudar de lado.
A última coisa que os documentos originais apresentados provam é que Arafat está por trás da onda de atentados suicidas em Israel. Mas Sharon quer remover
Arafat do poder. Assim, um dos homens mais impotentes da Palestina teve de ser apresentado como um dos mais poderosos terroristas do mundo.
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