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EUA lançam bases de força de estabilização internacional
DO "LE MONDE"
O futuro do Iraque, em sua dimensão internacional, está sendo
preparado na surdina. Os líderes
militares de 15 países se reuniram
em Londres ontem, num clima de
grande discrição, para estudar a
forma e a abrangência de sua
eventual participação na força de
estabilização internacional destinada a promover a segurança e a
reconstrução do país, sob a égide
dos EUA.
Essa força vai exercer seu papel
paralelamente à implementação
da transição política no Iraque
pós-guerra.
A primeira reunião desse tipo
acontecera em 30 de abril, também em Londres, sob a condução
do ministro britânico da Defesa,
Geoff Hoon. Ela não foi anunciada e foi encerrada com um comunicado lacônico. A única certeza,
naquela oportunidade, foi a ausência dos três principais países
que se opuseram à guerra
-França, Alemanha e Rússia.
O silêncio em torno das conversações se repetiu desta vez. Blecaute em relação à lista dos países
participantes e "sem comentários" quanto a quase todo o resto.
Um porta-voz do Ministério da
Defesa britânico revelou apenas
que a força futura vai abranger
"um misto de capacidades militares" e civis: engenheiros, profissionais médicos etc. Acrescentou
que o aspecto financeiro do projeto será discutido posteriormente.
Na saída da reunião de ontem,
uma fonte militar britânica declarou que a Alemanha, que se opôs
à guerra mas não excluiu a possibilidade de participar de uma força autorizada pelas Nações Unidas, fez parte dos países representados.
Um terceiro encontro está previsto para 22 de maio na Polônia.
Por enquanto, a força que está
sendo montada é independente
da ONU e da Otan. EUA e Reino
Unido querem manter a ONU à
distância.
Na quarta-feira, uma fonte diplomática francesa havia indicado que o projeto anglo-americano
de resolução que será discutido
no Conselho de Segurança da
ONU poderia incluir uma referência à força de estabilização.
Os europeus prefeririam que a
força contasse com uma "cobertura legal", ou seja, um mandado
da ONU, embora nem todos vejam isso como precondição necessária.
Em Bruxelas, na sede da Otan
(aliança militar ocidental), a constituição da força é oficialmente
objeto apenas de "discussões informais". Além do fato de que
querem continuar mestres da situação, o que significa não depender do quartel-general das forças
aliadas na Europa, os EUA não
precisam da logística da Otan.
Mas Washington gostaria que a
aliança fosse se engajando progressivamente no Iraque, como
fez no Afeganistão, e que, portanto, talvez acabasse por desempenhar um papel militar mais importante. A França não se opõe a
esse esquema, em princípio.
Tradução de Clara Allain
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