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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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EUA lançam bases de força de estabilização internacional

DO "LE MONDE"

O futuro do Iraque, em sua dimensão internacional, está sendo preparado na surdina. Os líderes militares de 15 países se reuniram em Londres ontem, num clima de grande discrição, para estudar a forma e a abrangência de sua eventual participação na força de estabilização internacional destinada a promover a segurança e a reconstrução do país, sob a égide dos EUA.
Essa força vai exercer seu papel paralelamente à implementação da transição política no Iraque pós-guerra.
A primeira reunião desse tipo acontecera em 30 de abril, também em Londres, sob a condução do ministro britânico da Defesa, Geoff Hoon. Ela não foi anunciada e foi encerrada com um comunicado lacônico. A única certeza, naquela oportunidade, foi a ausência dos três principais países que se opuseram à guerra -França, Alemanha e Rússia.
O silêncio em torno das conversações se repetiu desta vez. Blecaute em relação à lista dos países participantes e "sem comentários" quanto a quase todo o resto.
Um porta-voz do Ministério da Defesa britânico revelou apenas que a força futura vai abranger "um misto de capacidades militares" e civis: engenheiros, profissionais médicos etc. Acrescentou que o aspecto financeiro do projeto será discutido posteriormente.
Na saída da reunião de ontem, uma fonte militar britânica declarou que a Alemanha, que se opôs à guerra mas não excluiu a possibilidade de participar de uma força autorizada pelas Nações Unidas, fez parte dos países representados.
Um terceiro encontro está previsto para 22 de maio na Polônia. Por enquanto, a força que está sendo montada é independente da ONU e da Otan. EUA e Reino Unido querem manter a ONU à distância.
Na quarta-feira, uma fonte diplomática francesa havia indicado que o projeto anglo-americano de resolução que será discutido no Conselho de Segurança da ONU poderia incluir uma referência à força de estabilização.
Os europeus prefeririam que a força contasse com uma "cobertura legal", ou seja, um mandado da ONU, embora nem todos vejam isso como precondição necessária.
Em Bruxelas, na sede da Otan (aliança militar ocidental), a constituição da força é oficialmente objeto apenas de "discussões informais". Além do fato de que querem continuar mestres da situação, o que significa não depender do quartel-general das forças aliadas na Europa, os EUA não precisam da logística da Otan.
Mas Washington gostaria que a aliança fosse se engajando progressivamente no Iraque, como fez no Afeganistão, e que, portanto, talvez acabasse por desempenhar um papel militar mais importante. A França não se opõe a esse esquema, em princípio.


Tradução de Clara Allain


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