São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Sarkozy vai negociar suas reformas, diz porta-voz

Segundo diretor de campanha, presidente eleito discutirá medidas com sindicatos

Anúncio foi feito após mais uma noite de protestos na França; 360 automóveis foram queimados e 160 manifestantes, detidos

DA REDAÇÃO

No terceiro dia marcado por protestos de jovens contra o resultado da eleição de domingo, o diretor da campanha do presidente eleito, Nicolas Sarkozy, afirmou que o futuro governo planeja discutir as principais reformas trabalhistas e sociais com sindicatos. "Nicolas Sarkozy não tem nenhuma intenção de forçar [as mudanças]", disse Claude Guéant. "Ele [Sarkozy] disse claramente que consultaria os sindicatos para tentar um diálogo", afirmou.
O anúncio foi feito após líderes sindicais terem advertido Sarkozy que haverá manifestações caso ele "empurre" algumas das reformas que propôs na campanha -incluindo restrições ao direito de greve. Dentre as ações prometidas pelo presidente eleito está também o corte de impostos sobre as horas extras para que as pessoas trabalhem mais do que as 35 horas da jornada semanal.
O novo presidente assume o cargo em 16 de maio.
"Se o governo quiser pressionar e passar reformas nos próximos meses, há o risco de uma grande reação por parte dos trabalhadores", afirmou Michel Grignard, secretário nacional da CFDT, uma das maiores centrais sindicais francesas.
Sarkozy, que não se pronunciou desde a noite de domingo, rumou para um polêmico descanso em Malta (leia texto nesta página). Ontem, à tarde e à noite, houve novas manifestações em Lyon e Paris contra a sua eleição. Na noite de segunda-feira, de acordo com a polícia, 365 automóveis foram queimados e 160 pessoas, detidas, em sua maioria jovens.
Em Paris, centenas de pessoas se reuniram na praça da Bastilha, quebrando vidros de lojas e queimando objetos. Na noite de domingo, foram 730 carros queimados e 592 pessoas detidas.
François Hollande, presidente do Partido Socialista, ao qual pertence a candidata derrotada por Sarkozy no segundo turno, Ségolène Royal, pediu o final das manifestações. "A única forma de reagir é usando as urnas, não outras armas", disse.
A maioria dos atuais manifestantes é jovem e branca -diferentemente dos protestos de 2005, quando filhos de imigrantes árabes e negros promoveram manifestações violentas depois da morte, pela polícia, de dois jovens em uma periferia de Paris. Na época, Sarkozy, então ministro do Interior, chamou os envolvidos nas manifestações de "racaille" (escória), o que provocou ainda mais revolta nos subúrbios.

Relações franco-alemãs
Guéant também afirmou que o futuro presidente visitará "muito em breve" a chanceler alemã Angela Merkel. O objetivo do encontro -que deve acontecer antes da reunião do G8 na Alemanha, previsto para o início de junho- seria "afirmar a força franco-alemã" dentro da União Européia (UE).
No entanto, o partido de Merkel -União Democrática Cristã- publicou ontem um documento visto como uma advertência a Sarkozy, que tem um histórico de protecionismo econômico. O relatório diz que "a Alemanha deve retaliar outros Estados quando as políticas protecionistas deles ameaçarem interesses econômicos", uma referência ao fato de Sarkozy ter impedido, quando ministro das Finanças, a compra do grupo francês Alstom, de energia e transportes, pela alemão Siemens.
Também ontem, ministros das Finanças de países da UE pediram que Sarkozy pare de culpar o Banco Central Europeu e o euro valorizado pelos problemas econômicos da França e defenderam a independência do banco.


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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