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Sarkozy vai negociar suas reformas, diz porta-voz
Segundo diretor de campanha, presidente eleito discutirá medidas com sindicatos
Anúncio foi feito após mais uma noite de protestos na França; 360 automóveis foram queimados e 160 manifestantes, detidos
DA REDAÇÃO
No terceiro dia marcado por
protestos de jovens contra o resultado da eleição de domingo,
o diretor da campanha do presidente eleito, Nicolas Sarkozy,
afirmou que o futuro governo
planeja discutir as principais
reformas trabalhistas e sociais
com sindicatos. "Nicolas Sarkozy não tem nenhuma intenção de forçar [as mudanças]",
disse Claude Guéant. "Ele [Sarkozy] disse claramente que
consultaria os sindicatos para
tentar um diálogo", afirmou.
O anúncio foi feito após líderes sindicais terem advertido
Sarkozy que haverá manifestações caso ele "empurre" algumas das reformas que propôs
na campanha -incluindo restrições ao direito de greve. Dentre as ações prometidas pelo
presidente eleito está também
o corte de impostos sobre as
horas extras para que as pessoas trabalhem mais do que as
35 horas da jornada semanal.
O novo presidente assume o
cargo em 16 de maio.
"Se o governo quiser pressionar e passar reformas nos próximos meses, há o risco de uma
grande reação por parte dos
trabalhadores", afirmou Michel Grignard, secretário nacional da CFDT, uma das maiores centrais sindicais francesas.
Sarkozy, que não se pronunciou desde a noite de domingo,
rumou para um polêmico descanso em Malta (leia texto nesta página). Ontem, à tarde e à
noite, houve novas manifestações em Lyon e Paris contra a
sua eleição. Na noite de segunda-feira, de acordo com a polícia, 365 automóveis foram
queimados e 160 pessoas, detidas, em sua maioria jovens.
Em Paris, centenas de pessoas se reuniram na praça da
Bastilha, quebrando vidros de
lojas e queimando objetos. Na
noite de domingo, foram 730
carros queimados e 592 pessoas detidas.
François Hollande, presidente do Partido Socialista, ao
qual pertence a candidata derrotada por Sarkozy no segundo
turno, Ségolène Royal, pediu o
final das manifestações. "A única forma de reagir é usando as
urnas, não outras armas", disse.
A maioria dos atuais manifestantes é jovem e branca -diferentemente dos protestos de
2005, quando filhos de imigrantes árabes e negros promoveram manifestações violentas
depois da morte, pela polícia,
de dois jovens em uma periferia
de Paris. Na época, Sarkozy, então ministro do Interior, chamou os envolvidos nas manifestações de "racaille" (escória), o que provocou ainda mais
revolta nos subúrbios.
Relações franco-alemãs
Guéant também afirmou que
o futuro presidente visitará
"muito em breve" a chanceler
alemã Angela Merkel. O objetivo do encontro -que deve
acontecer antes da reunião do
G8 na Alemanha, previsto para
o início de junho- seria "afirmar a força franco-alemã" dentro da União Européia (UE).
No entanto, o partido de
Merkel -União Democrática
Cristã- publicou ontem um
documento visto como uma advertência a Sarkozy, que tem
um histórico de protecionismo
econômico. O relatório diz que
"a Alemanha deve retaliar outros Estados quando as políticas protecionistas deles ameaçarem interesses econômicos",
uma referência ao fato de Sarkozy ter impedido, quando ministro das Finanças, a compra
do grupo francês Alstom, de
energia e transportes, pela alemão Siemens.
Também ontem, ministros
das Finanças de países da UE
pediram que Sarkozy pare de
culpar o Banco Central Europeu e o euro valorizado pelos
problemas econômicos da
França e defenderam a independência do banco.
Com agências internacionais e o "Financial Times"
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