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Produtores rurais põem fim à trégua na Argentina após 37 dias
Protesto é reação a colapso de negociação com governo, que subiu impostos
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Após 37 dias de trégua para
uma fracassada negociação
com o governo de Cristina Fernández de Kirchner, os produtores agropecuários argentinos
voltaram ontem às estradas para protestar contra o aumento
de impostos sobre as exportações de soja e girassol.
A medida do governo, decretada há quase dois meses, gerou
um locaute de três semanas em
março, quando os produtores
bloquearam rodovias e provocaram o desabastecimento de
carne e outros alimentos.
Desta vez, os ruralistas prometeram que não bloquearão
as estradas e que não faltarão
alimentos. As principais ações
do protesto, que vai até o dia 15,
são não vender grãos para a exportação e manter a mobilização à beira das rodovias.
No entanto, ontem, em algumas estradas, produtores impediram a passagem de caminhões de grãos e de carne. Outros, sobretudo estrangeiros,
foram retidos por horas.
Os produtores de Gualeguaychu, considerado o "núcleo duro" do locaute de março, afirmaram que a partir das 20h de
ontem seria impedida a passagem de caminhões de outros
países. Gualeguaychu fica nos
arredores da chamada rodovia
do Mercosul, por onde passam
muitos caminhões brasileiros.
O líder dos produtores da cidade, Alfredo de Angeli, afirmou ontem que é "lamentável"
que os produtores tenham de
estar na estrada em vez de trabalhar e criticou o governo. "Só
fazem enganar a gente, mas as
pessoas acreditam em nós e pedem que não afrouxemos."
O ministro do Interior, Florencio Randazzo, disse que a
decisão é uma "enorme irresponsabilidade que só tem o
sentido de defender interesses
particulares e setoriais".
Cristina afirmou ontem que
"os que mais têm devem ser os
que mais contribuem", em novo sinal de que o governo não
reverá o aumento de impostos.
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