São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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No dia dos 60 anos de Israel, Olmert admite renunciar

Premiê sai se for denunciado em investigação sobre doações ilegais de campanha

Anúncio foi feito depois que Justiça liberou divulgação do caso, ao fim de jornada de comemorações por aniversário nacional

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que renunciará ao cargo caso seja denunciado por um novo escândalo de doações ilegais de campanha que ofuscou as comemorações pelos 60 anos de criação do país. Ele fez a promessa depois que a Justiça aliviou o embargo imposto à divulgação de detalhes do caso.
A decisão da Justiça permitiu que a imprensa israelense revelasse informações que já haviam sido publicadas parcialmente por alguns jornais americanos. Olmert está sendo investigado por suspeitas de que teria recebido centenas de milhares de dólares de um empresário americano quando era prefeito de Jerusalém, na década de 90.
O primeiro-ministro, que foi interrogado na última sexta-feira pela polícia, teria sido beneficiado durante anos por fundos arrecadados pelo americano Moshe Talansky, para campanhas à Prefeitura de Jerusalém e à liderança do Likud, partido ao qual era filiado.
Em um tenso pronunciamento feito na residência oficial depois das 23h (17h de Brasília), Olmert admitiu ter recebido os fundos arrecadados por Talansky, mas negou ter cometido qualquer ato ilícito. Disse que "campanhas eleitorais custam dinheiro" e que não havia nada de errado na forma como recebeu as doações.
"Olho nos olhos de cada um de vocês e digo: jamais recebi suborno. Jamais coloquei um centavo no bolso", disse Olmert em seu pronunciamento, dirigindo-se à câmera. "Fui eleito por vocês, cidadãos de Israel, e não pretendo fugir às minhas responsabilidades."
O novo escândalo aumenta a pressão sobre Olmert, que já estava desgastado politicamente por fracassos como a Guerra do Líbano, em 2006, e por outras quatro investigações da Justiça, em que é suspeito de irregularidades quando ocupava diferentes cargos oficiais.
Nos últimos dias, líderes da oposição e mesmo do Partido Trabalhista, que compõe a aliança governista, vêm pedindo a renúncia de Olmert, uma possibilidade que ele não descartou. "Embora não seja uma exigência da lei, se o procurador-geral decidir por me denunciar, eu renunciarei. Espero e acredito que não chegaremos a esse estágio."
O ex-prefeito de Jerusalém foi eleito primeiro-ministro em 2006, depois que Ariel Sharon deixou o cargo ao sofrer um derrame e entrar em coma, estado em que permanece. Pouco antes, os dois haviam abandonado o Likud para fundar o partido de centro Kadima.
A Casa Branca anunciou ontem que, apesar das suspeitas que envolvem Olmert, a visita do presidente George W. Bush a Israel na próxima semana está confirmada. Bush e outros líderes mundiais participarão das comemorações pelos 60 anos de Israel, que se estenderão pelos próximos dias. Em seguida, Bush irá à Arábia Saudita e ao Egito.


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