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No dia dos 60 anos de Israel, Olmert admite renunciar
Premiê sai se for denunciado em investigação sobre doações ilegais de campanha
Anúncio foi feito depois que Justiça liberou divulgação
do caso, ao fim de jornada de comemorações por
aniversário nacional
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse ontem
que renunciará ao cargo caso
seja denunciado por um novo
escândalo de doações ilegais de
campanha que ofuscou as comemorações pelos 60 anos de
criação do país. Ele fez a promessa depois que a Justiça aliviou o embargo imposto à divulgação de detalhes do caso.
A decisão da Justiça permitiu
que a imprensa israelense revelasse informações que já haviam sido publicadas parcialmente por alguns jornais americanos. Olmert está sendo investigado por suspeitas de que
teria recebido centenas de milhares de dólares de um empresário americano quando era
prefeito de Jerusalém, na década de 90.
O primeiro-ministro, que foi
interrogado na última sexta-feira pela polícia, teria sido beneficiado durante anos por
fundos arrecadados pelo americano Moshe Talansky, para
campanhas à Prefeitura de Jerusalém e à liderança do Likud,
partido ao qual era filiado.
Em um tenso pronunciamento feito na residência oficial depois das 23h (17h de Brasília), Olmert admitiu ter recebido os fundos arrecadados por
Talansky, mas negou ter cometido qualquer ato ilícito. Disse
que "campanhas eleitorais custam dinheiro" e que não havia
nada de errado na forma como
recebeu as doações.
"Olho nos olhos de cada um
de vocês e digo: jamais recebi
suborno. Jamais coloquei um
centavo no bolso", disse Olmert
em seu pronunciamento, dirigindo-se à câmera. "Fui eleito
por vocês, cidadãos de Israel, e
não pretendo fugir às minhas
responsabilidades."
O novo escândalo aumenta a
pressão sobre Olmert, que já
estava desgastado politicamente por fracassos como a Guerra
do Líbano, em 2006, e por outras quatro investigações da
Justiça, em que é suspeito de irregularidades quando ocupava
diferentes cargos oficiais.
Nos últimos dias, líderes da
oposição e mesmo do Partido
Trabalhista, que compõe a
aliança governista, vêm pedindo a renúncia de Olmert, uma
possibilidade que ele não descartou. "Embora não seja uma
exigência da lei, se o procurador-geral decidir por me denunciar, eu renunciarei. Espero e acredito que não chegaremos a esse estágio."
O ex-prefeito de Jerusalém
foi eleito primeiro-ministro em
2006, depois que Ariel Sharon
deixou o cargo ao sofrer um
derrame e entrar em coma, estado em que permanece. Pouco
antes, os dois haviam abandonado o Likud para fundar o partido de centro Kadima.
A Casa Branca anunciou ontem que, apesar das suspeitas
que envolvem Olmert, a visita
do presidente George W. Bush
a Israel na próxima semana está confirmada. Bush e outros líderes mundiais participarão
das comemorações pelos 60
anos de Israel, que se estenderão pelos próximos dias. Em seguida, Bush irá à Arábia Saudita
e ao Egito.
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