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Papa se oferece para mediar o conflito árabe-israelense
Ao chegar à Jordânia, Bento 16 expressa "profundo respeito" por muçulmanos
Para o pontífice, que visitará Israel e palestinos, Igreja Católica pode ajudar a superar os impasses entre os dois lados desse conflito
Pier Paolo Cito/Associated Press
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O papa Bento 16 é recebido pela rainha Rania e pelo rei Abdullah, da Jordânia, na chegada a Amã
DA REDAÇÃO
Ainda no avião que o levava
para sua viagem pela Terra
Santa, que teve início ontem na
Jordânia, Bento 16 defendeu
uma participação maior da
Igreja Católica na mediação do
processo de paz entre palestinos e israelenses.
Ele afirmou que gostaria de
se engajar em um "diálogo trilateral" com judeus e muçulmanos. O papa fica até depois
de amanhã na Jordânia, quando parte para a segunda etapa
de sua "peregrinação", em Israel e territórios palestinos.
"É certo que eu vou tentar fazer uma contribuição para o
processo de paz, não como um
indivíduo, mas em nome da
igreja, da Santa Sé", disse o papa a repórteres que o acompanhavam na viagem de Roma a
Amã, capital da Jordânia.
Um integrante da igreja no
Brasil diz estar entre os interesses imediatos da instituição
nesta viagem o "reforço" de sua
relevância "moral" e política no
cenário internacional. Daí a
iniciativa de Bento 16.
O papa disse na entrevista
que as negociações de paz são
frequentemente travadas pelo
surgimento de posições sectárias, que podem ser superadas
com a participação de um mediador como a Igreja Católica.
Ao chegar à Jordânia, Bento
16 continuou a ser cobrado por
declarações suas de 2006
-quando, durante uma aula
em universidade na Alemanha
sobre fé e razão, citou um imperador bizantino do século 14
que criticava a violência do islã.
Questionado sobre o tema, o
porta-voz do Vaticano, padre
Federico Lombardi, disse que a
igreja já tinha feito todos os esclarecimentos possíveis sobre o
episódio -à época, o papa se
disse "profundamente sentido"
por ter ofendido a sensibilidade
de muitos muçulmanos.
Segundo o jornal britânico
"The Guardian", em resposta à
pergunta de um repórter ontem em Amã, Lombardi disse:
"Não podemos continuar repetindo os mesmos esclarecimentos até o fim dos tempos".
Bento 16, por sua vez, já no
território do primeiro país árabe que visita desde que se tornou papa, em 2005, afirmou
que a viagem lhe "dava oportunidade" para expressar o seu
"profundo respeito pela comunidade muçulmana".
No mesmo discurso, o pontífice louvou o rei Abdullah, da
Jordânia, aliado dos EUA e que
mantém relações estáveis com
Israel, por seu trabalho na
"promoção de uma melhor
compreensão das virtudes proclamadas pelo islã".
Estado palestino
Durante as declarações de
boas-vindas, o rei defendeu a
existência do Estado palestino,
uma questão difícil para este
papa, já que seu anfitrião em Israel, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, é
resistente à solução, tradicionalmente defendida por igreja,
países europeus, ONU e países
árabes, de dois Estados nacionais na região -um deles para
os palestinos.
Com o acirramento das hostilidades entre israelenses e palestinos -entre outras coisas
por causa da recente incursão
do Estado judeu na faixa de Gaza, além da eleição do novo governo de direita naquele país-,
qualquer declaração do papa
Bento 16 que pareça um apoio
da igreja a um dos lados no conflito pode ter consequências
explosivas.
Hoje, na Jordânia, o papa visita uma mesquita e mais tarde
participa de encontro com líderes religiosos muçulmanos.
A viagem também prevê a visita, em Israel, do Memorial do
Holocausto, encontro com lideranças políticas israelenses e
palestinas e a presença do pontífice num campo de refugiados, próximo a Belém.
O roteiro do périplo em grande medida reproduz viagem semelhante feita por João Paulo
2º, em 2000. Como seu antecessor, o líder da Igreja Católica
visitará a cidade natal de Jesus
Cristo (Belém) e os locais onde
ele cresceu (Nazaré) e onde foi
crucificado (Jerusalém), segundo a tradição.
Com agências internacionais
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