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Contentes com visita, católicos de Gaza esperam apoio de Bento 16
DO "FINANCIAL TIMES",
NA CIDADE DE GAZA
Para a pequena comunidade
católica da faixa de Gaza, a chegada do papa Bento 16 a Israel e
à Cisjordânia, na semana que
vem, oferece uma rara oportunidade de escapar, nem que por
apenas um dia, à miséria de um
território assolado pela guerra.
Como a maioria dos 286 católicos que vivem na faixa de
Gaza, Jabrah al-Najjar, 61, solicitou permissão às autoridades
israelenses para assistir à missa
que o papa celebrará em Belém
na quarta-feira. O governo israelense indicou que, para a
ocasião, suspenderá as restrições de viagem severas que incidem sobre os moradores de
Gaza, mas os líderes católicos
antecipam que um máximo de
250 autorizações será concedido, e nem todas para católicos.
Para Najjar, a espera pela autorização é atormentadora.
Mas ele disse: "Estou extremamente feliz com a visita do papa. Para mim, significa amor,
paz e irmandade".
A visita do papa oferece um
raro momento de alegria para
as pequenas e decrescentes comunidades católicas que restam em Israel e nos territórios
palestinos. A menor delas é a de
Gaza, onde 50 famílias católicas formam uma minoria dentro da minoria, já que respondem por apenas uma fração da
comunidade cristã de 3.000 habitantes, dominada por membros da Igreja Ortodoxa Grega.
A recente ofensiva israelense
contra Gaza significa que alguns cristãos esperam do papa
palavras de condenação e protesto. A expectativa é que Bento 16 no mínimo coloque em
destaque a situação desesperadora que os cristãos e os muçulmanos de Gaza enfrentam.
O pequeno grupo de católicos de Gaza, que vive em meio a
uma comunidade de 1,5 milhão
de muçulmanos, governada pelo grupo islâmico Hamas, insiste em que as duas comunidades
hoje vivem lado a lado em larga
medida sem tensões, a despeito
de ataques extremistas esporádicos a instituições cristãs.
Najjar aponta que os cristãos
de Gaza não precisam trabalhar
nas manhãs de domingo para
que possam ir à missa. A comunidade pode importar vinho, a
fim de celebrar a comunhão, e
as mulheres cristãs podem andar na rua sem véus.
"Nós [cristãos e muçulmanos] compartilhamos tudo, temos uma história comum, um
futuro comum e uma luta comum contra a ocupação", diz
Hussam al Taweel, líder da comunidade ortodoxa grega.
Para a decepção de muitos
dos cristãos de Gaza, o papa não
visitará em pessoa a sua pequena e problemática comunidade.
Mas no mínimo, diz Taweel, os
cidadãos de Gaza esperam que
ele faça "um forte discurso político em defesa de nosso [palestino] direito à independência".
Entre todos os lugares, este
pequeno território, acrescenta,
"precisa especialmente de seu
cuidado e de sua proteção".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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