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Ocidente ignora casos análogos a Kosovo
da Redação
As mesmas potências ocidentais
que bombardeiam a Iugoslávia
nunca demonstraram presteza para intervir em outros conflitos separatistas reprimidos pelo mundo.
Em casos análogos ao de Kosovo,
não houve ameaça da Otan, mesmo em situações de emergência
humanitária, que é a justificativa
oficial para a intervenção na Iugoslávia. Por vezes, até a pressão diplomática ocidental foi tímida.
O caso mais emblemático é o separatismo curdo. Apesar de serem
maioria numa área precisa, os curdos são violentamente reprimidos
por Iraque e Turquia, que proíbe
até o uso da língua curda.
O conflito na Turquia já matou
cerca de 29 mil pessoas (15 vezes
mais do que em Kosovo, antes da
guerra) e gerou fluxo de dezenas
de milhares de refugiados.
Mas, como a Turquia é membro
da Otan e aliada estratégica dos
EUA no Oriente Médio, o país foi
poupado de retaliações.
O mesmo aconteceu com a remota (para o Ocidente) Indonésia,
que invadiu a ex-colônia portuguesa de Timor Leste em 1975.
Apesar de a ONU ter condenado
a invasão e reconhecido o direito
dos timorenses à independência (o
que não ocorreu com Kosovo), a
Indonésia praticamente não sofreu sanção ocidental. Isso apesar
de o conflito em Timor Leste ter
causado a morte de mais de 200
mil pessoas desde a anexação.
A Otan certamente pode argumentar que a Indonésia está fora
de sua área de atuação (o que não
acontece com a Turquia).
Quem entrou na área de atuação
da Otan (definida pelo seu secretário-geral como indo do Canadá ao
Cazaquistão) foi a Tchetchênia.
Essa pequena República desafiou a
Rússia em 1991, declarando independência. De 94 a 96 esteve em
guerra contra tropas russas. Cerca
de 30 mil pessoas morreram.
O separatismo ainda é uma questão aberta, mas não se espera uma
intervenção da Otan na região.
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