São Paulo, domingo, 9 de maio de 1999

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Iugoslávia desprezou negociações

da Redação

O separatismo não é um problema apenas da Iugoslávia. Muitos países são obrigados a lidar com minorias insatisfeitas, concentradas em regiões definidas.
A atitude do governo central varia muito. No caso de Kosovo, o regime do ditador Slobodan Milosevic optou pela política da repressão, o que parece ter estimulado o conflito armado com os kosovares.
Não era a única opção. Países ocidentais vêm procurando conceder autonomia, em vários graus, com o objetivo de aplacar o sentimento separatista. Essa questão atinge até mesmo países da Otan, que hoje ataca a Iugoslávia.
Na semana passada, a Escócia elegeu seu primeiro Parlamento em 300 anos. A eleição compõe uma reforma promovida pelo governo britânico para descentralizar o poder. O Partido Nacional Escocês (SNP, que defende a independência da Escócia em relação ao Reino Unido) não obteve maioria. O governo britânico, no entanto, sabia que uma vitória eleitoral do SNP seria o primeiro passo para a independência da Escócia. Arriscou e ganhou. Desta vez.
Esse risco de fratura também é frequente no Canadá, onde existe um forte sentimento nacionalista entre a minoria francesa, concentrada na Província de Québec.
Em 1995, os separatistas exigiram um plebiscito pela separação do Québec, criticado mas consentido pelo governo canadense. Perderam por 50,56% a 49,44%.
Mais violento, o separatismo basco é um dos temas fundamentais da Espanha. Ao contrário de Escócia e Québec, no País Basco criou-se um movimento armado, o ETA, que luta pela independência tendo o terrorismo como arma.
Como o governo iugoslavo, a Espanha reprimiu o ETA. Mas, ao mesmo tempo, concedeu autonomia administrativa ao País Basco e não proibiu sua língua, seus costumes e instituições, como fez Milosevic em Kosovo.



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