São Paulo, domingo, 9 de maio de 1999

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Policial considera Camboriú local vulnerável para refúgio

da Agência Folha, em Camboriú

Os principais temores dos policiais brasileiros que custodiam o ex-presidente paraguaio Raúl Cubas Grau, além dos passeios frequentes de Mirta (mulher de Cubas), são a vulnerabilidade da fronteira, a sua proximidade de Camboriú e o fato de a cidade estar sempre repleta de turistas. Um policial disse à Agência Folha que Camboriú seria um dos lugares menos apropriados para o asilo.
A calmaria existente no local (as pessoas transitam pela frente do prédio como se ele fosse outro qualquer) também é motivo de apreensão.
"Pode parecer um contra-senso, mas, às vezes, as coisas surgem do nada. Frequentemente é melhor que a situação esteja conturbada, e a possibilidade de perigo esteja clara", disse um policial.
Um dia após chegar a Camboriú, Cubas presenciou algumas manifestações isoladas de hostilidade a sua presença. Paraguaios que estavam na cidade chamaram-no de "asesino", acusando-o de envolvimento na morte de seu vice, Luis María Argaña.
A custódia, que já teve 20 policiais federais, resume-se agora a seis, que se revezam em turnos de dez horas, e quatro policiais militares por turno (manhã, tarde e noite).
A poucos metros do edifício Cosmos, que tem 30 andares (Cubas vive no 20º) e apartamentos com três suítes, churrasqueira e piscina, a Polícia Federal tem um "quartel-general". De lá, monitora câmeras de vídeo espalhadas no local e proximidades.
A chuva já serviu de alívio para os policiais. Quando houve a organização de um ato contra Cubas, três semanas atrás, ela surgiu depois de vários dias ensolarados a afastou o público.
O grupo, composto de políticos, sindicalistas, paraguaios e argentinos, limitou-se a 40 pessoas, segundo os organizadores (PT, PC do B, PPS, PSB e PDT), ou 20, segundo a Polícia Federal.
"Não podemos aceitar que, em um momento de dinheiro escasso, a União gaste para manter mais um ex-presidente paraguaio", disse um dos organizadores do ato, o jornalista Sílvio Pereira, dando o tom das críticas que têm sido feitas ao asilo e que foram decisivas para que Cubas se enclausurasse em seu apartamento.
O ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner também vive asilado no Brasil, em Brasília.



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