DO "THE INDEPENDENT"

Oito crianças morreram esfaqueadas e ao menos 15 pessoas ficaram feridas no ataque de um ex-servente com problemas mentais a uma escola primária de elite em um subúrbio de Osaka, região central do Japão.
A maioria das vítimas da escola primária de Ikeda (oeste de Osaka) era de estudantes com idades entre sete e oito anos. Segundo autoridades, duas crianças morreram no local, e outras seis, no hospital. Oito sobreviventes, dentre ele um professor, permanecem internados em estado grave.
Esse foi o pior caso de assassinato em massa no Japão, país tradicionalmente considerado um dos mais seguros do mundo, desde 1995 -em março daquele ano, seguidores da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade) liberaram gás sarin no metrô de Tóquio, matando 12 pessoas e intoxicando cerca de 4.000.
Segundo testemunhas da tragédia de ontem, o assassino carregava uma faca de 28 cm. Durante o intervalo no período da manhã, ele caminhou em direção a uma das salas de aula e começou a procurar por crianças no corredor para, então, esfaqueá-las. O ataque durou pouco mais de dez minutos, até o ex-servente ser agarrado e desarmado por dois professores.
"Estávamos ouvindo um comunicado pelo alto-falante, que foi interrompido pelos gritos e por um barulho como o de uma mesa caindo... Aí ouvi alguém gritar lá de baixo "corra'", disse uma aluna à "Reuters".
"Ele veio direto em nossa direção e esfaqueou o professor", disse outra garota à TV japonesa.
Várias crianças procuraram abrigo em um supermercado vizinho e se encolheram nos corredores.
Ainda ontem, eram visíveis nas escadarias da entrada da escola as marcas de sangue. Parentes das vítimas em busca de informações e ambulâncias para socorrer as vítimas circularam pela área durante todo o dia.

Overdose de calmante
O autor do ataque, Mamoru Takuma, 37, que tentou se esfaquear após a tragédia, foi detido pela polícia. Mas o motivo do crime ainda é desconhecido. Segundo a rede de TV NHK, ele balbuciou à polícia ter ingerido uma grande dose de tranquilizantes antes de invadir a escola.
Segundo relatos, Takuma era esquizofrênico e estava sob tratamento médico. Já teria trabalhado como servente em uma escola próxima e sido preso -embora nunca formalmente acusado por estar sob tratamento médico- por ter colocado calmante no chá dos professores.
Takuma já teria atentado contra sua vida anteriormente. Segundo a polícia, ele disse desejar ser condenado à morte.

Violência
Preocupado com o crescimento da violência no Japão nos últimos anos, um dos países com uma das taxas de violência mais baixas em países industrializados, o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, prometeu "rever as condições de segurança" nas escolas e "fornecer aconselhamento psicológico" aos sobreviventes.
Desde 1995, cresceu o registro de atos isolados de violência, principalmente praticados por jovens, sem motivos aparentes. Em 1997, um garoto de 14 anos mutilou outro de 11. Em 1999, um estudante de sete anos foi esfaqueado por um homem que invadiu a escola. E, no ano passado, houve uma onda de crimes violentos cometidos por adolescentes.