São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Líder seria deposto pelos próprios palestinos, segundo a previsão do Exército divulgada pelo jornal "Haaretz"

Arafat cai em seis meses, prevê Israel

DA REDAÇÃO

O Exército de Israel prevê que o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, seja deposto pelos próprios palestinos em seis meses, não sendo necessária a sua expulsão pelos israelenses, de acordo com autoridades militares que não se identificaram, citadas pelo diário israelense "Haaretz".
"Com o poder de Arafat sendo reduzido tão rapidamente, achamos que não será necessário expulsá-lo", disse um dos militares ao jornal.
Para outro, "está crescendo a possibilidade de que, em seis meses, o poder de Arafat estará tão reduzido que ele não terá condições de impedir o surgimento de um líder pragmático que poderia fazer algum acordo com Israel".
O Ministério da Defesa e o Exército de Israel não fizeram comentários sobre a reportagem. A avaliação é uma mudança do Exército israelense em relação a Arafat. O chefe das Forças Armadas de Israel, Shaul Mofaz, disse reiteradas vezes que o líder palestino deveria ser derrubado ou então exilado pelos israelenses.
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse em junho que Arafat deve deixar a liderança palestina antes de um Estado palestino, apoiado pelos EUA, ser criado.
Arafat está cercado por tanques israelenses em seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia). O cerco começou no início da ofensiva israelense, no mês passado, em sete cidades palestinas. A ação é uma resposta a uma onda de atentados que deixou 31 mortos em Jerusalém e em um assentamento judaico.
Diante das pressões de EUA e Israel por reformas na ANP, principalmente no combate aos grupos terroristas e à corrupção, Arafat respondeu convocando eleições para janeiro. Segundo pesquisas, ele é o favorito para vencer, apesar do surgimento de manifestações populares críticas à ANP, principalmente por causa das dificuldades econômicas causadas pela Intifada, o levante palestino contra a ocupação israelense, iniciada em setembro de 2000.
Arafat tem enfrentado problemas internos também ao tentar reformar seu sistema de segurança. O chefe da segurança palestina na Cisjordânia, Jibril Rajoub, uma das figuras mais populares dos territórios palestinos e tido como um dos possíveis sucessores de Arafat, foi demitido pelo líder palestino na semana passada, causando protesto por parte das forças de segurança.
Em reunião ontem com Arafat, Rajoub pediu que ele reavaliasse sua demissão.
Ghazi Jibali, chefe da polícia na faixa de Gaza, também foi deposto. Autoridades disseram que o chefe da inteligência palestina na Cisjordânia, Tawfiq Tirawi, também havia sido demitido.
O chanceler de Israel, Shimon Peres, se reuniu ontem com o novo ministro das Finanças palestino, Salam Fayed. Foi o primeiro contato entre autoridades de alto escalão dos dois lados em mais de dois meses. A conversa buscou encontrar meios de aliviar a situação da economia palestina.

Terra
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, aprovou ontem uma proposta que permite apenas a cidadãos israelenses judeus o direito de comprar casas em terras do Estado.
A proposta será encaminhada agora ao Parlamento, onde precisará ser aprovada três vezes. Depois irá para a Suprema Corte, que poderá fazer alterações.
Caso a nova lei seja implementada, os cidadãos árabes de Israel, que compõem 20% da população, estarão proibidos de comprar as casas nas terras do Estado.
Os integrantes do gabinete que pertencem ao Partido Trabalhista se opuseram à decisão, classificando-a como racista. O ministro da Defesa, Binyamin ben Eliezer, prometeu lutar contra ela.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque: ONU quer volta incondicional de inspeções
Próximo Texto: Reino Unido: Brancos têm gêmeas negras por erro médico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.