São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011 |
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DE NOVO, A CRISE Dilma recomenda consumo com cautela Presidente sugere que brasileiros continuem comprando, mas diz que país "não é uma ilha" e não está "imune" à crise Ministro da Fazenda, Guido Mantega defende que o Brasil "não gaste mais", porém evita falar em cortes no orçamento ANA FLOR VALDO CRUZ DE BRASÍLIA Diante do agravamento das tensões em relação à economia dos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff pediu que os brasileiros não deixem de consumir, mas sem excessos. E disse que "o Brasil não é uma ilha isolada no mundo" e não está "imune" à crise internacional. O discurso refletiu a avaliação de que o cenário "não é para brincadeira". Pode ser benéfico para o combate à inflação, mas "perigoso" para a expansão da economia. O ministro Guido Mantega (Fazenda) foi escalado para resumir o que pensa o governo e alertou que o Brasil poderá crescer menos de 4% no ano se a crise se prolongar. "Não podemos fazer milagre", afirmou, ao admitir que o governo pode rever sua meta de expansão do PIB (Produto Interno Bruto), de 4%. Ele disse que o governo pretende fortalecer a fiscalização tributária e as empresas nacionais. E afirmou ser essencial que o Brasil não gaste mais. O ministro, no entanto, não anunciou cortes de gastos do governo. "Você não pede aumento [de gastos numa situação dessas]", brincou. Dilma manteve contato direto com sua equipe econômica ao longo do dia. Depois, discutiu o tema na reunião de coordenação. O governo decidiu reforçar a percepção de que o país está hoje melhor do que em 2008 e mesclar "cautela na área fiscal" com acompanhamento do crescimento, para evitar um "tombo" no PIB. A preocupação esteve presente na entrevista da presidente, que pediu que "todos os segmentos do país [tenham] muita tranquilidade, calma e nenhum excesso". O conselho para que a população não pare de consumir lembrou o discurso de seu antecessor, o ex-presidente Lula, na crise de 2008. O governo, à época, adotou medidas para elevar o consumo e estimular a economia. A presidente, também reforçou sua preocupação com o lado fiscal, apontado por ela como a principal fragilidade de economias desenvolvidas e responsável por boa parte da piora da crise. "[Temos de ter] percepção de que não podemos brincar e sair por aí gastando o que não temos. Temos que continuar consumindo o que estamos consumindo. Não temos de parar de consumir, porque não passamos por nenhuma ameaça", afirmou. Com a intenção de acalmar os mercados, fez questão ressaltar a estabilidade do Brasil. "É a segunda vez que a crise afeta o mundo e pela segunda vez o Brasil não treme. Vocês lembram bem como era no passado." E criticou economias desenvolvidas: "Não há política fiscal na Europa e não há política fiscal nos EUA", disse. "A insensatez não pode levar a que o mundo sofra a consequência de políticas locais", criticou. Dilma também questionou a decisão da agência Standard & Poor's, que decidiu rebaixar a nota dos títulos dos EUA. Disse que a S&P errou, em decisão "precipitada". Mantega não quis detalhar o que o governo planeja para se proteger da crise. Segundo ele, isso seria "prematuro". Afirmou que os problemas são "crônicos" nos países desenvolvidos e que a "situação de crise" irá se prolongar pelos próximos anos. Caso haja menos consumo, o mundo poderá caminhar para uma recessão, previu. Texto Anterior: Clóvis Rossi: Mais governo, menos mercado Próximo Texto: Brasil vê mais risco na Europa do que os EUA Índice | Comunicar Erros |
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