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Bombas perto de mesquita na Índia deixam 32 mortos
Cidade atingida é alvo freqüente em conflitos entre hindus e muçulmanos no país
Governo indiano acusa "terroristas" de forma genérica e decreta toque de recolher após explosões, em que foram usadas bicicletas
DA REDAÇÃO
Uma série de explosões em
Malegaon, cidade de maioria
muçulmana no oeste da Índia,
matou ontem ao menos 32 pessoas e feriu outras 70, a maior
parte no complexo de uma
mesquita. Duas bombas estavam camufladas em bicicletas.
Não havia informações confirmadas sobre os autores. O
ministro do Interior, Shivraj
Patil, disse apenas que, "aparentemente", se tratava de trabalho de terroristas. "Quando
qualquer incidente dessa natureza ocorre, você pode chegar a
conclusão de que é algo perpetrado por terroristas."
"O principal plano não é só
ferir e matar gente inocente,
mas ver os diferentes setores da
sociedade se confrontarem e
criar mais dificuldades", completou, referindo-se às divisões
entre hindus e muçulmanos
-que cresceram na década de
1990, quando mesquitas foram
atacadas por supremacistas
hindus, parte deles de organizações ligadas ao Partido Bharatiya Janata, que governou a
Índia de 1996 a 2004.
Segundo a polícia, o clima em
Malegaon, centro têxtil que
costuma ser alvo nos conflitos
entre hindus e muçulmanos, ficou tenso. Grupos de pessoas se
concentravam para gritar palavras de ordem contra as autoridades. Um toque de recolher foi
imposto para evitar tumultos.
O Ministério do Interior
anunciou o envio de forças federais e o reforço da segurança
em outros locais. À noite, as
ruas da cidade estavam vazias,
com postos de checagem e patrulhas em torno dela. Cerca de
75% dos moradores de Malegaon, a 260 km de Mumbai, são
muçulmanos. Na Índia, porém,
os hindus são majoritários,
com 13% de muçulmanos.
A ação ocorreu enquanto milhares de muçulmanos estavam
concentrados na cidade para as
orações da sexta-feira. Foram
três as explosões, duas num local de preces aos mortos no
complexo de uma mesquita e a
terceira numa praça, por volta
das 13h50 (6h20 em Brasília).
Esta sexta-feira marcava data conhecida como noite do
perdão ou da reparação, em que
os muçulmanos oram pelos
mortos e para pedir absolvição.
"Estava terminando minhas
preces da sexta-feira quando
ouvi as explosões. Havia caos
por toda a parte. Vi três ou quatro corpos e muito sangue. As
pessoas corriam para todos os
lados", disse uma testemunha.
O saldo de ao menos 32 mortos e 70 feridos foi divulgado
pela polícia do Estado de Maharashtra, onde fica Malegaon,
mas uma agência de notícias indiana falou em 37 mortos e 100
feridos, citando autoridade.
A Índia está com o nível de
alerta de segurança elevado
desde que uma série de explosões em trens de Mumbai matou 186 pessoas em julho. O
atentado foi reputado a grupos
de militantes islâmicos com conexões no Paquistão. A Índia e
o país vizinho mantém disputa
fronteiriça pela Caxemira.
Com agências internacionais
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