São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Bombas perto de mesquita na Índia deixam 32 mortos

Cidade atingida é alvo freqüente em conflitos entre hindus e muçulmanos no país

Governo indiano acusa "terroristas" de forma genérica e decreta toque de recolher após explosões, em que foram usadas bicicletas

DA REDAÇÃO

Uma série de explosões em Malegaon, cidade de maioria muçulmana no oeste da Índia, matou ontem ao menos 32 pessoas e feriu outras 70, a maior parte no complexo de uma mesquita. Duas bombas estavam camufladas em bicicletas.
Não havia informações confirmadas sobre os autores. O ministro do Interior, Shivraj Patil, disse apenas que, "aparentemente", se tratava de trabalho de terroristas. "Quando qualquer incidente dessa natureza ocorre, você pode chegar a conclusão de que é algo perpetrado por terroristas."
"O principal plano não é só ferir e matar gente inocente, mas ver os diferentes setores da sociedade se confrontarem e criar mais dificuldades", completou, referindo-se às divisões entre hindus e muçulmanos -que cresceram na década de 1990, quando mesquitas foram atacadas por supremacistas hindus, parte deles de organizações ligadas ao Partido Bharatiya Janata, que governou a Índia de 1996 a 2004.
Segundo a polícia, o clima em Malegaon, centro têxtil que costuma ser alvo nos conflitos entre hindus e muçulmanos, ficou tenso. Grupos de pessoas se concentravam para gritar palavras de ordem contra as autoridades. Um toque de recolher foi imposto para evitar tumultos.
O Ministério do Interior anunciou o envio de forças federais e o reforço da segurança em outros locais. À noite, as ruas da cidade estavam vazias, com postos de checagem e patrulhas em torno dela. Cerca de 75% dos moradores de Malegaon, a 260 km de Mumbai, são muçulmanos. Na Índia, porém, os hindus são majoritários, com 13% de muçulmanos.
A ação ocorreu enquanto milhares de muçulmanos estavam concentrados na cidade para as orações da sexta-feira. Foram três as explosões, duas num local de preces aos mortos no complexo de uma mesquita e a terceira numa praça, por volta das 13h50 (6h20 em Brasília).
Esta sexta-feira marcava data conhecida como noite do perdão ou da reparação, em que os muçulmanos oram pelos mortos e para pedir absolvição.
"Estava terminando minhas preces da sexta-feira quando ouvi as explosões. Havia caos por toda a parte. Vi três ou quatro corpos e muito sangue. As pessoas corriam para todos os lados", disse uma testemunha.
O saldo de ao menos 32 mortos e 70 feridos foi divulgado pela polícia do Estado de Maharashtra, onde fica Malegaon, mas uma agência de notícias indiana falou em 37 mortos e 100 feridos, citando autoridade.
A Índia está com o nível de alerta de segurança elevado desde que uma série de explosões em trens de Mumbai matou 186 pessoas em julho. O atentado foi reputado a grupos de militantes islâmicos com conexões no Paquistão. A Índia e o país vizinho mantém disputa fronteiriça pela Caxemira.


Com agências internacionais

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