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KHATAMI NOS EUA
Ex-presidente do Irã enfrenta protestos e pede diálogo
Caleb Jones/EFE
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Khatami na catedral: Oriente como "parceiro na comunicação" |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Ao som de protestos e buzinaço, o ex-presidente iraniano Mohammad Khatami
fez um apelo por diálogo e tolerância entre o mundo islâmico e o Ocidente anteontem à noite, na Catedral Nacional de Washington. O clérigo é a maior autoridade da
República Islâmica a visitar
os EUA desde 1979, quando a
embaixada norte-americana
em Teerã foi invadida, e seus
funcionários, mantidos reféns por 444 dias.
"Hoje, não há outro caminho diante de nós do que o do
reconhecimento do direito
da humanidade de decidir o
seu próprio destino, e a manifestação desse direito em
sistemas democráticos não
deve ser limitada a democracias liberais", disse, para uma
platéia de 1.200 pessoas que
esperaram por duas horas na
fila por seus lugares na igreja.
Ele reforçava crítica feita
por acadêmicos islâmicos ao
modelo "tamanho único" de
democracia que a administração Bush tenta implantar
no Oriente Médio.
Para Khatami -um dos
mais liberais entre os presidentes iranianos desde a revolução de 1979, mas muito
criticado pela inação de sua
gestão na questão de direitos
individuais e liberdade religiosa-, seu apelo só faz sentido "se o Oriente deixar de
ser objeto de compreensão
do Ocidente e passar a ser reconhecido como parceiro no
diálogo e na comunicação".
Seu tema era a mensagem
de tolerância das chamadas
religiões abraâmicas. "Jesus
é o profeta da bondade e da
paz, Maomé é o profeta da
ética, da moralidade e da graça, Moisés é o profeta do diálogo e do intercâmbio", disse
aos repórteres.
Embora tenha defendido o
diálogo, o próprio Khatami
foi algoz e vítima da prática
durante sua viagem de sete
dias. Recusou, por exemplo,
o convite para se encontrar
com Jimmy Carter, que oferecia a ele uma reconciliação
-o ex-presidente (1977-1981) era o titular da Casa
Branca quando se deu o episódio do seqüestro.
Mas teve sua presença no
país defendida pelo reitor da
Kennedy School of Government, de Harvard, onde fala
amanhã. "Nós devemos ouvir aqueles dos quais discordamos e confrontá-los ou devemos tapar nossos ouvidos
completamente?", perguntou David Ellwood.
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