São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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KHATAMI NOS EUA

Ex-presidente do Irã enfrenta protestos e pede diálogo

Caleb Jones/EFE
Khatami na catedral: Oriente como "parceiro na comunicação"


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Ao som de protestos e buzinaço, o ex-presidente iraniano Mohammad Khatami fez um apelo por diálogo e tolerância entre o mundo islâmico e o Ocidente anteontem à noite, na Catedral Nacional de Washington. O clérigo é a maior autoridade da República Islâmica a visitar os EUA desde 1979, quando a embaixada norte-americana em Teerã foi invadida, e seus funcionários, mantidos reféns por 444 dias.
"Hoje, não há outro caminho diante de nós do que o do reconhecimento do direito da humanidade de decidir o seu próprio destino, e a manifestação desse direito em sistemas democráticos não deve ser limitada a democracias liberais", disse, para uma platéia de 1.200 pessoas que esperaram por duas horas na fila por seus lugares na igreja.
Ele reforçava crítica feita por acadêmicos islâmicos ao modelo "tamanho único" de democracia que a administração Bush tenta implantar no Oriente Médio.
Para Khatami -um dos mais liberais entre os presidentes iranianos desde a revolução de 1979, mas muito criticado pela inação de sua gestão na questão de direitos individuais e liberdade religiosa-, seu apelo só faz sentido "se o Oriente deixar de ser objeto de compreensão do Ocidente e passar a ser reconhecido como parceiro no diálogo e na comunicação".
Seu tema era a mensagem de tolerância das chamadas religiões abraâmicas. "Jesus é o profeta da bondade e da paz, Maomé é o profeta da ética, da moralidade e da graça, Moisés é o profeta do diálogo e do intercâmbio", disse aos repórteres.
Embora tenha defendido o diálogo, o próprio Khatami foi algoz e vítima da prática durante sua viagem de sete dias. Recusou, por exemplo, o convite para se encontrar com Jimmy Carter, que oferecia a ele uma reconciliação -o ex-presidente (1977-1981) era o titular da Casa Branca quando se deu o episódio do seqüestro.
Mas teve sua presença no país defendida pelo reitor da Kennedy School of Government, de Harvard, onde fala amanhã. "Nós devemos ouvir aqueles dos quais discordamos e confrontá-los ou devemos tapar nossos ouvidos completamente?", perguntou David Ellwood.


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