São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Soberania é reconhecida por só 24 países

DA ENVIADA A TAIWAN

A briga de Taiwan para entrar na ONU sob seu próprio nome é o lado mais aparente de outra cruzada bem mais complexa: ser reconhecido como país soberano por outras nações. Hoje, os Estados que mantém laços diplomáticos oficiais com Taipé se restringem a 24 -eram 25 até junho, quando o presidente costarriquenho, Oscar Arias, virou as costas para se voltar a Pequim.
São invariavelmente países pequenos, a maioria na América Central, no Pacífico e na África -na América do Sul, apenas o Paraguai tem um embaixador taiwanês.
O Brasil, como os EUA e os países europeus, apóia a política de "uma só China" -a mesma que levou a ONU a expulsar Taipé de sua Assembléia Geral em 1971. Mas frisa que não concorda com o uso da força para isso.
O não-reconhecimento da soberania, no entanto, não é obstáculo para manter boas relações econômicas com o país, cujo crescimento alucinante no fim dos anos 80 e começo dos 90 rendeu-lhe o epíteto de Tigre Asiático ao lado da Coréia do Sul, Hong Kong e Cingapura.
Os EUA são hoje o segundo maior parceiro comercial, e as exportações -concentradas no setor de alta tecnologia, sobretudo semicondutores- têm sustentado um ritmo de crescimento econômico acima dos 4%. O primeiro lugar cabe, aliás, à China, destino de 40% das exportações e de 70% do investimento externo.
Como o vizinho continental, Taiwan também tem usado o apoio financeiro para manter seus aliados. Mas na comparação de seu mercado consumidor de 22,8 milhões de pessoas com o 1,3 bilhão de chineses, muitos não conseguem resistir à China.
Taipé então lança mão de seu bom histórico de liberdades políticas e civis, que tanto o distancia de Pequim: depois da abertura política -iniciada nos anos 80 e consolidada com as eleições de 1996, as primeiras livres na ilha-, Taiwan é freqüentemente citada como uma das democracias mais sólidas da Ásia e aparece sempre bem posicionada em listas de respeito aos Direitos Humanos.
Ainda assim, vários diplomatas -ecoando a voz de muita gente no país- acham que tentar expandir os laços atuais beira a ingenuidade. "Devíamos, isso sim, nos concentrar em preservar os que temos agora", disse um deles à Folha. (LC)


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