São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Petrobras diz confiar no governo boliviano e não temer corte no fornecimento de gás

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras diz não estar preocupada com os desdobramentos da crise na Bolívia e, por isso, não prevê ações adicionais ao plano de contingência que já mantém desde 2004.
Ontem, no Rio, a diretoria de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster, chegou a afirmar que o governo boliviano é o fornecedor mais confiável que conhece. "Diria que não estamos preocupados com a Bolívia, porque acredito absolutamente no bom senso. Não conheço supridor mais confiável do que aqueles bolivianos. Eles são precisos."
Sobre o temor de executivos da Petrobras -e de outras empresas que operam no gasoduto Brasil-Bolívia- de que haja interrupção no fornecimento de gás, provocada pelo fechamento de algumas das centenas de válvulas localizadas em Tarija, Foster afirmou que a segurança do gasoduto é responsabilidade do governo boliviano.
A diretora da Petrobras disse ainda que a estatal está usando a capacidade máxima do gasoduto, o chamado "empacotamento". "Temos mantido o gasoduto empacotado, que é o máximo de gás que pode ser estocado nesse duto. E a gente administra a colocação desse gás."

Bloqueio de estradas
Hoje, o Brasil importa da Bolívia 31,7 milhões de metros cúbicos de gás por dia -cerca de metade do que o país consome. Mas a produção nacional cresceu nos últimos dois anos, e hoje são processados internamente 62 milhões de metros cúbicos por dia.
"A gente tem a tranqüilidade de ter muito mais previsibilidade em relação aos níveis dos reservatórios. Mas até agora não temos nenhum sinal forte inequívoco de que a gente possa perder nem uma molécula de gás sequer", disse Foster.
Já em Santa Cruz de la Sierra, onde estão concentrados os escritórios de empresas do setor de petróleo, o clima é outro. Um dos executivos brasileiros que trabalham na Bolívia diz que o maior problema hoje é garantir o abastecimento das usinas, já que as rodovias de diversos departamentos estão bloqueadas. Além dos insumos necessários à produção, as empresas precisam garantir até o deslocamento de seus funcionários aos locais de trabalho.
As empresas que atuam no setor de gás e petróleo não temem que os manifestantes ocupem ou danifiquem as instalações, pois são liderados por políticos que têm uma visão favorável à iniciativa privada.
O temor é que, para pressionar países vizinhos, como Brasil e Argentina, os manifestantes comecem a promover interrupções esporádicas do fornecimento de gás. A indústria paulista importa da Bolívia 75% do gás que consome.


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