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Morales enfrenta oposição dividida nas urnas
Atual presidente da Bolívia, que tenta reeleição após mudar Constituição, terá sete concorrentes no pleito de dezembro
Direita radical lança Reyes Villa, ex-governador de Cochabamba, que perdeu o mandato em referendo revogatório no ano passado
David Mercado/Reuters
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Militante indígena participa de passeata em frente à sede da Justiça eleitoral boliviana após o anúncio dos candidatos que disputarão Presidência em dezembro
DA REDAÇÃO
Candidato à reeleição no primeiro pleito a ser realizado depois de aprovada a nova Constituição boliviana, o presidente
Evo Morales enfrentará uma
oposição fragmentada na eleição de 6 de dezembro e conta
com a falta de coesão da concorrência, que terá sete candidatos, para confirmar o favoritismo apontado em pesquisas
de intenção de voto.
O cenário eleitoral foi definido à 0h de ontem na Bolívia,
com o fim do prazo para inscrições de candidatos na Justiça
eleitoral. Dos 8 inscritos, 5 têm
origem indígena, incluindo
Morales, que voltará a ter como
companheiro de chapa o intelectual Álvaro García Linera.
A principal força de oposição
reúne o ex-governador do departamento de Cochabamba
Manfred Reyes Villa, destituído por referendo popular em
agosto do ano passado, e o ex-governador do departamento
de Pando Leopoldo Fernández,
que segue preso sob a acusação
de promover o massacre de
partidários de Morales durante
conflitos no país em 2008.
A chapa, que representa setores da oposição mais radical,
acabou fechando o espaço de líderes antigoverno cotados para
o pleito, como o ex-presidente
conservador Jorge Quiroga
(2001-2002) e o ex-vice-presidente indígena Víctor Hugo
Cárdenas (1993-1997).
A cientista política Jimena
Costas, considerada um elemento aglutinador da direita,
também ficou de fora, colaborando para a fragmentação.
Além de Reyes Villa, o bloco
conservador concorre com o
ex-ministro do Planejamento
Samuel Doria Medina e a ex-senadora Ana María Flores.
Outros quatro candidatos,
com baixa mobilização popular, concorrem pela esquerda
dissidente.
Segundo recente pesquisa do
instituto Gallup Internacional,
o atual presidente tem 57,7%
das intenções de voto, índice
que garantiria sua vitória ainda
no primeiro turno.
Só outros dois candidatos são
citados na pesquisa: Medina,
com 9,7%, e Reyes Villa, com
8,6%. No entanto, a perspectiva
é a de que Reyes Villa cresça no
decorrer da campanha, após
consolidar apoios na direita.
Segundo analistas ouvidos
pela France Presse, há poucas
chances de Morales não ser
reeleito, principalmente pelo
processo de grande fragmentação da oposição, que se acentuou nos últimos três anos.
Eleito em 2005, com 53% dos
votos, ele convocou Assembleia
Constituinte no início de seu
mandato e completou a reforma constitucional em janeiro
deste ano. A mudança da legislação permitiu que Molares
tentasse agora um novo mandato de cinco anos.
Além de autorizar a reeleição, a reforma deu maior autonomia e reconhecimento às comunidades indígenas e aumentou o controle do Estado sobre
os recursos naturais do país.
Aprovadas em um tenso processo, as mudanças polarizaram o país e resultaram em duros e violentos embates entre
governistas e a oposição, concentrada nos departamentos
ricos do leste do país, principalmente Santa Cruz e Beni, mais
desenvolvidos do que departamentos da região do altiplano,
que apoiam Morales.
Pedido de cautela
Ontem, Morales fez um chamamento contra a violência
durante a campanha, que começa em 5 de outubro, e pediu
que a população permita que
todos os candidatos realizem
atos eleitorais pacificamente.
O pedido veio depois de organizações sociais e sindicais da
cidade de El Alto, reduto eleitoral do presidente, dizerem que
não permitiriam manifestos e
eventos de campanha da oposição na região.
Morales também alertou os
correligionários para que "tomem cuidado com agressões,
provocações e armações", que
são "especialidades" da direita,
segundo o presidente.
Nas eleições gerais de dezembro, além do presidente, os
bolivianos escolherão 130 deputados e 36 senadores. Também votarão em referendos sobre maior autonomia para os
departamentos -reivindicação
antiga da oposição e que fez
parte do acordo fechado para
pôr fim à crise política no país.
Com agências internacionais
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