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Afeganistão terá recontagem parcial de votos
No mesmo dia em que presidente supera pela 1ª vez barreira dos 50%, comissão de apelações vê "claros indícios de fraude"
Nova apuração deve atrasar em até três meses o resultado
final da eleição de 20 de agosto, o que pode acentuar instabilidade vivida por país
DA REDAÇÃO
No dia em que a apuração da
eleição afegã deu pela primeira
vez ao presidente Hamid Karzai mais da metade dos votos
-o que o reelegeria em primeiro turno-, a Comissão Eleitoral de Apelações (CEA) ordenou recontagem parcial devido
a "claros indícios de fraude".
Segundo a Comissão Eleitoral Independente (CEI), órgão
afegão responsável pela apuração do pleito de 20 de agosto,
Karzai obtém 54,1% dos votos
com 91,6% das urnas contabilizadas. O principal concorrente
do presidente, o ex-chanceler
Abdullah Abdullah, tem 28,3%.
Se confirmada, a votação dará a Karzai, eleito em 2004, um
novo mandato de cinco anos à
frente do Afeganistão sem a necessidade do aguardado segundo turno. A oposição, no entanto, contesta a adesão ao presidente e alega fraudes no pleito.
Dando vazão às críticas e às
mais de 720 reclamações formais, a CEA -formada por três
representantes internacionais
e dois afegãos e apoiada pela
ONU- pela primeira vez pôs
em dúvida a lisura da eleição.
Em comunicado, a comissão
ordenou que a CEI reconte todas as seções com mais de 95%
dos votos a um mesmo candidato ou 100% ou mais de comparecimento. Embora não tenha especificado os locais das
recontagens, acredita-se que a
maior parte das seções sob suspeita estejam na região sul, majoritariamente pró-Karzai.
Cabe à CEA ratificar o resultado da apuração feita pela comissão eleitoral afegã para que
ele seja oficializado, e a eleição
para presidente, legitimada.
A CEI, contudo, alegou já ter
colocado sob "quarentena" cerca de 600 das mais de 25 mil seções eleitorais por alegação de
fraudes. Segundo o chefe da comissão oficial afegã, Daoud Ali
Najafi, a recontagem ordenada
pelo órgão de apelações demorará de 2 a 3 meses.
Calendário comprometido
A revisão deverá, portanto,
inviabilizar o calendário previamente estabelecido pelas
autoridades eleitorais, que previa a oficialização do resultado
do pleito até a próxima semana
e a realização de um eventual
segundo turno até outubro.
A indefinição e o vácuo de autoridade dela decorrente, além
disso, podem comprometer os
esforços da missão internacional liderada pelos EUA para estancar o recrudescimento recente da violência no país.
O ano de 2009 já é o mais letal para as tropas estrangeiras
-mais de 100 mil homens, dos
quais 68 mil americanos- desde o início da guerra, em 2001,
quando o Taleban foi desalojado do poder pela ação militar.
O resultado -e sobretudo a
legitimidade ante a população- da eleição é ainda crucial
para os planos do governo Barack Obama, que fez do país o
foco do combate ao terrorismo
e deve apresentar em breve
uma nova estratégia para o
conflito no país asiático -além
de já ter ordenado o aumento
de tropas desde o início do ano.
Apesar dos temores, um dos
porta-vozes da ONU em Cabul,
Aleem Siddique, disse que "não
haverá vencedores nesta eleição até que todas as denúncias
sejam investigadas, e a revisão
parcial dos votos, realizada".
Entre as irregularidades encontradas durante apuração da
eleição estão também urnas
provenientes de mais de 800
seções eleitorais falsas, outras
com mais de 600 votos -máximo por unidade- e seções com
mais votos do que presença,
além da obstrução de votações
por grupos pró-Karzai.
Com agências internacionais
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